Os desafios e oportunidades da Internet das Coisas uniram indústria, regulatório e fornecedores de tecnologia em debate no Futurecom 2019, que acontece esta semana, em São Paulo. No mercado corporativo, as ações com IoT ganham espaço nas estratégias de negócios.
Uma cervejeira que avisa quando as cervejas estão acabando e ajuda a comprar mais. Lançada em 2018, a máquina da Consul, que pertence à Whirlpool Corporation, exemplifica o uso de Internet das Coisas (IoT). “Quando se fala em IoT para o consumidor, a palavra é simplicidade e conveniência”, enfatizou Renata Marques, CIO para América Latina na Whirlpool, após explicar o funcionamento da cervejeira smart beer da Consul, que comporta 77 latas e envia e, por meio de aplicativo, uma push notification para alertar quando o estoque baixa. Também é possível enviar comandos para resfriar ainda mais as cervejas. “No passado, lançamos fogão com receita de bolo, mas se o usuário não vê conveniência para aquilo, não dá certo”, acrescentou.
Na Dafiti, a Internet das Coisas está aplicada no centro de distribuição. Automatizado, o CD conta com 300 robôs fazendo o manuseio dos produtos. “Estamos usando a mesma tecnologia empregada para pegar peças de avião. Tudo está automatizado e também usamos inteligência artificial no site. Sabemos o que será comprado, o que mais vende e em quais regiões e com isto vamos direcionando os robôs”, detalhou Cristiano Hyppolito, CTO para América Latina na Dafiti.
Para Georgia Sbrana, vice-presidente de Marketing, Comunicação, Inovação, Relações Institucionais e Governo para o Cone Sul da América Latina na Ericsson, a indústria de Tecnologias da Informação e Comunicação tem de tomar o protagonismo, porque é ela que entrega as conexões das diversas verticais. “As soluções não saem de prateleira; elas vão demandar que todos testem modelos”, disse. Sbrana lembrou que IoT já é realidade com base em redes 4G e que quando as redes 5G chegarem vão “maximizar os casos de IoT e permitir casos de IoT de missão crítica, como telemedicina, porque tem latência baixa”, completou.
Regulatório
Após a aprovação do Plano Nacional de Internet das Coisas no decreto presidencial 9.854/2019, foram criadas câmaras voltadas a diferentes verticais, conforme apontou Guilherme Correa, coordenador de Inovação Tecnológica e Produtiva do MCTIC. “As câmaras são formas de estar presente, conhecer as iniciativas, ter visão 360 graus e de colocar todos os atores na mesa. É uma iniciativa importante e o próprio mercado reconhece. Falta criar a câmara de saúde 4.0. A previsão é que seja em novembro”, disse.
Outro ponto é com relação à regulamentação. “Para além da necessidade de investimentos em infraestrutura, também é oportuno tratarmos da simplificação regulatória. Só neste ano revogamos mais de 170 regulamentos. Há um esforço para fazer limpeza do arcabouço regulatório e isto tem potencial de ajudar as novas empresas”, apontou.
Na mesma linha, Emmanoel Campelo, conselheiro da Anatel, reforçou que o leilão de frequências para 5G não pode ter caráter arrecadatório e que é preciso discutir como direcionar recursos para infraestrutura. “Entendemos que, para que o ecossistema de IoT possa se desenvolver, é muito importante que tenhamos tributação zero para estes dispositivos. A aplicação massiva tem potencial de gerar ganhos tributáveis pela escala”, ressaltou.
Mão de obra
Capacitar as pessoas para operarem IoT é essencial para os casos de uso darem certo. “A principal barreira está relacionada à questão de gente. Quando coloca produto IoT no mercado, seja automação de armazém ou geladeira conectada, precisa de gente para prestar serviços e também fazer o atendimento. E isto inclui a capacitação do call center, que vai precisar de gente mais especializada”, destacou Renata Marques, CIO para América Latina na Whirlpool.
Cristiano Hyppolito, da Dafiti, explicou que, para atender às necessidades no curto prazo, a empresa está treinando as pessoas, mas, para o médio prazo, é necessário ir mais a fundo. “Estamos fazendo parcerias e acordos com universidades para que novos profissionais saiam preparados para a indústria 4.0”, disse.
Guilherme Correa, do MCTIC, apontou que muitas empresas estão tomando a iniciativa de fazer a requalificação de pessoal para IoT. “Mão de obra é fundamental, tanto que prevemos isto em uma matriz no Plano Nacional de IoT e temos ações específicas relacionadas à área de educação”, afirmou.
Fonte: Convergência Digital