Por Martha Funke
A expansão de novos canais tem otimizado os negócios no comércio eletrônico. Além do WhatsApp e de outros aplicativos, as vendas por conteúdos ao vivo conectados aos sistemas de pedidos e pagamento (live commerce) marcaram o ano, principalmente nos dias das Mães e dos Pais e na Black Friday.
O WhatsApp avançou de forma consistente. Pesquisa da Kantar , encomendada pela Meta, mostra que 80% dos brasileiros consideram as mensagens sua forma preferida de se comunicar com uma empresa e 76% enviam mensagens para uma empresa semanalmente.
Além disso, o Brasil é um dos dez países do mundo com maior quantidade de criadores em redes sociais e o primeiro em aquisição de produtos ou serviços promovidos por eles, com mais de 40% dos brasileiros tendo feito transações dessa forma, diz Conrado Leister, vice-presidente e diretor geral da Meta no Brasil, que é dona do WhatsApp, Facebook e Instagram.
Dados da Accenture apontam que a média de conversão do comércio eletrônico no Brasil (quando a visualização do produto ou anúncio se transforma em venda) está próxima a 2%. Essa média chega a 10% com algumas estratégias, como oferecer a retirada em loja de compras feitas on-line ou o uso de aplicativos para compra em lojas físicas, e supera 20% com o uso do WhatsApp. Outra pesquisa, da Airship, revelou que 83% dos brasileiros usam o celular, quando estão em lojas físicas, para comparar preços com os produtos on-line.
A tendência de humanização, por sua vez, favoreceu as lives em 2023. O movimento envolve tanto a venda por produtores de conteúdo, por meio de links para site de e-commerce ou botão para compra por WhatsApp nas transmissões, quanto a formação de influenciadores próprios pelas empresas, explica Eduardo Salgado, diretor da Accenture Song, braço de publicidade e marketing da consultoria.
Na pandemia, a Casas Bahia transformou seus vendedores físicos em tutores digitais por meio do WhatsApp para clientes e, hoje, conta com 15 mil profissionais na ferramenta “Me Chama no Zap”. Cerca de metade das vendas digitais da casa chegam por este canal. Em live, além das apresentações de vendedores nos perfis das lojas nas redes sociais, adotou formatos como a disputa de videogame entre o CB, “persona” virtual da marca, e o streamer Nobru, transmitida pelo YouTube. Este ano a Black Friday contou com live simultânea com as mil lojas do grupo no Brasil, transmitida da capital paulista, com artistas como Rodrigo Faro, nos perfis oficiais da marca no TikTok e Instagram.
80% dos brasileiros consideram o WhatsApp sua forma preferida de se comunicar com uma empresa
Vendedoras da Marisa também estrelam lives com descontos extras no site e no aplicativo durante as transmissões. A Americanas aposta no Americanas ao Vivo, isto é, lives por aplicativo com ofertas e lançamentos. A Netshoes usa lives mais para gerar tráfego do que conversão. Este ano foram mais de 150 micros (entre 10 mil e 50 mil seguidores) e nano (entre mil e 10 mil seguidores) influenciadores na Black November (a forma como o período promocional é chamado na empresa), além da criação de uma escola de influenciadores, em parceria com a agência Mynd.
Nem só o varejo se beneficia das lives. A farmacêutica Cimed adotou o modelo exclusivo para 90 mil lojistas, com duas influenciadoras da marca de batons Carmed BFF e direcionamento ao portal de vendas por meio de QRCode. “Em 20 minutos foram R$ 40 milhões em vendas”, diz o CEO João Adibe. O investimento ficou em torno de R$ 20 mil e novas ações já estão previstas para o início de 2024.
A Unilever realizou live com o portal Compra Agora no YouTube e Instagram com foco em cuidados e higiene pessoal, conteúdo educacional, ofertas e cupons para varejistas de vizinhança. Para consumidores de cuidados domésticos, reuniu 20 perfis de entretenimento do Instagram, precedida de ação no WhatsApp para envio de promoção e descontos.
Especializada em live commerce, a Mimo já atendeu 20 segmentos, de moda a agronegócios. A média de conversão é 10%, com até 40% em eletrônicos. O Senai em uma hora vendeu, em novembro, volume de cursos equivalente a 37% das vendas do ano. A marca de colchões Zissou tornou-se cliente recorrente depois de esgotar em uma hora o estoque do mês, conta a co-fundadora Etienne Du Jardin.
Fonte: Valor Econômico