A Westwing, startup de venda de móveis e artigos de decoração pela internet, se prepara para uma expansão e transformação em seu modelo de negócio. O impulso vem de um novo investidor, o fundo de private equity Axxon Group, que comprou uma participação majoritária na operação brasileira, tornando-a independente do grupo global, que está presente em 14 países.
Os planos, atualmente, são expandir a presença da companhia e ajustar o portfólio para incluir produtos fixos. Assim como uma loja de roupas e acessórios, essa varejista de móveis e artigos para decoração vende principalmente com base em coleções. Todos os dias, há cerca de seis campanhas no ar no site, com 50 a 400 produtos diferentes.
“A ideia é dar dinamismo e frescor ao site. Se você entrar na loja hoje ou na semana que vem, são duas lojas diferentes”, diz Eduardo Oliveira, sócio da startup. Segundo ele, essa mudança nas coleções leva os consumidores a acessarem o site com maior frequência e a comprarem de quatro a cinco vezes por ano, em média. A empresa atua com mais de 700 fornecedores diferentes e atua também com uma marca própria, que representa cerca de 15% de tudo que é vendido.
A companhia ter 8 milhões de clientes cadastrados em seu site. O faturamento em 2017 foi de 170 milhões de reais e a empresa cresceu cerca de 20% ao ano nos últimos quatro anos. Em 2018, o crescimento será de 44%.
A empresa atingiu o break even, ou seja, receitas maiores que os gastos, em 2016. Por isso, há pouco mais de um ano buscava investidores para contribuir com capital e com o desenvolvimento do negócio no Brasil. Encontrou o Axxon Group.
Com a independência, chega também a rapidez. Algumas operações de marketing e de tecnologia eram realizadas na Alemanha, sede da companhia, e agora todas são feitas pela equipe brasileira. “Era importante ter essas tarefas nas nossas mãos. E, para o grupo, a transação também foi relevante para sua estratégia de focar na Europa”, afirma Andres Mutschler, CEO, fundador e atual sócio da operação brasileira.
Com o aporte, a empresa irá sofrer mudanças importantes em seu modelo de negócios. Inicialmente voltada apenas para as lojas na internet, a empresa irá investir em sua expansão física. Ela abriu em 2017 sua primeira loja permanente, no bairro da Vila Madalena, em São Paulo, depois de atuar com duas lojas temporárias em shopping centers da cidade. Agora, o objetivo é abrir novas unidades, com uma possível expansão pela América Latina.
Outra mudança será em relação ao sortimento. Ainda que as coleções tragam dinamismo e tráfego ao site, a startup percebeu que é importante vender produtos fixos, como sofás e cadeiras, já que os consumidores normalmente levam mais tempo pesquisando para fazer essa compra. “Estamos estudando o sortimento. Ainda teremos muitas opções, com o diferencial da nossa curadoria”, afirma Mutschler.
Ainda que a startup ainda seja pequena, o fundador garante que os preços são competitivos em relação a concorrentes como a Tok Stok ou lojas de móveis em locais como o Shopping D&D, em São Paulo. Mesmo assim, a empresa não é a única a vender móveis pela internet de forma mais moderna e ágil. A marca Oppa, por exemplo, foi comprada pela Meu Móvel de Madeira no início do ano. Já a Mobly deu um passo ousado e abriu capital na Alemanha este ano.
Outro desafio é a falta de hábito do brasileiro de comprar móveis pela internet. Aqui, em 2017, apenas 1% dos móveis foi vendido online.
Mesmo com um sócio de peso e capital no bolso, o mercado é cada vez mais desafiador.
Fonte: Exame