O Walmart considera a hipótese de venda “fatiada” das operações no país. Há interessados nos negócios no Estado de São Paulo e na região Sul, separadamente, e contatos iniciais para essa negociação já foram feitos, apurou o Valor. Pode ser uma forma de o grupo avançar numa negociação mais rapidamente.
O empresário Dimitrios Markakis, ex-dono da rede de supermercados Candia e sócio da cadeia de material de construção Dicico, contatou o grupo na sede americana cerca de cinco meses atrás, numa aproximação que ocorreu por meio de seu “family office”. Há hipótese de que o grupo americano se mantenha como sócio minoritário em São Paulo, mas o empresário não abriria mão do controle da operação, segundo uma fonte.
Procurado pela reportagem, o empresário não comenta as informações. Em São Paulo, o grupo soma cerca de 60 lojas e opera com as marcas Walmart, Sam’s Club e Maxxi Atacado e TodoDia.
Apesar de São Paulo ser a principal praça do país para o varejo alimentar, não é a mais relevante na operação brasileira do Walmart. O Nordeste, onde estão instaladas mais de 200 lojas da companhia, é considerada a operação com o melhor conjunto de ativos – que inclui unidades compradas da rede Bompreço em 2010.
Já em relação à região do Sul, em fevereiro a diretoria do grupo português Sonae teria estado em visitas às lojas do Walmart. Após análises dos ativos, a empresa teria maior interesse nos negócios no Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que reúnem uma parte dos ativos que foram vendidos pelo próprio Sonae ao Walmart oito anos atrás. Procurado pela reportagem, o Sonae nega que esteja em conversas com a varejista americana.
No Sul, o Walmart passou anos operando com as redes BIG (hipermercados), Mercadorama e Nacional (supermercados). Esses pontos estão sendo transformados em lojas da marca Walmart desde o fim de 2017. São cerca de 140 lojas do grupo na região.
No país todo, a companhia tem 471 lojas e apurou vendas brutas de R$ 29,4 bilhões em 2016. O Walmart não comenta informações a respeito da venda do negócio no país.
Aos interessados, o grupo já acenou positivamente para negociações dos ativos de forma “picada”. Segundo fontes do setor, a empresa iniciou conversas há cerca de seis meses para a venda do controle da operação brasileira como um todo, mas entende que uma venda “fatiada” é uma possibilidade que não pode ser descartada, em parte porque pode ser uma solução de saída mais rápida do país.
As negociações da companhia com fundos de investimento e empresas do setor envolvem diferentes formatos de venda. Maior grupo varejista do mundo, o Walmart estuda a venda de uma parcela da operação brasileira ou até de 100% do negócio – a depender da evolução das propostas que estão sendo discutidas.
Em relação especificamente à hipótese de se desfazer de apenas uma fatia minoritária, a empresa estaria de olho na valorização que pode ser gerada com uma eventual recuperação dos resultados. As negociações no país ocorrem após o grupo ter apresentado desempenho abaixo do esperado. Neste momento, a varejista está implementando um projeto de reformulação de hipermercados e supermercados no Brasil.
Fonte: Valor Econômico