Rede faz “limpeza” em sua base de terceirizados no País
O maior grupo de varejo do mundo, o Walmart comandou um processo de auditoria no Brasil que envolveu uma espécie de “vistoria limpeza” de sua base de prestadores de serviço no País – pessoas físicas e jurídicas. Consultores que trabalhavam para a subsidiária, responsáveis por acelerar o trabalho de obter licenças para aberturas de lojas com governos locais, foram avaliados e parte teria parado de trabalhar para o grupo, segundo uma fonte.
Na prática, a empresa reagiu à descoberta de que a filial brasileira teria consultores que teriam pago propina para funcionários de governos municipais e estaduais para conseguir liberar, de forma acelerada, a abertura de algumas lojas no período de crescimento orgânico mais rápido da empresa – que cobre, pelo menos, o intervalo de 2008 a 2013, segundo fonte a par do assunto.
A empresa não comenta o assunto. Auditores externos contratados pela matriz nos EUA foram enviados ao País no ano passado, apurou o Valor. O trabalho levou vários meses e se aprofundou no fim de 2015, após descobrir a existência de intermediários contratados pela rede trabalhando fora do que a empresa chama de “padrões de ética e transparência” do grupo.
O Valor apurou que teriam sido localizados “formas de trabalho que diferem do padrão Walmart” também no Nordeste. Segundo uma fonte a par do assunto, quando o Walmart adquiriu a rede Bompreço, em 2004, por US$ 300 milhões, acabou “vindo junto” com a compra um modelo de abertura de lojas e de centros de distribuição que envolvia o apoio de intermediários e consultorias da região. Esse trabalho não seria feito dentro dos modelos de governança esperados pela empresa na época, e a investigação envolveu também a avaliação de prestadores de serviços na região.
Na investigação feita no Brasil, um comitê de auditoria decidiu definir um conjunto de metas que a subsidiária aqui – e em outros países considerados com maior risco – precisa cumprir.
Material publicado no fim de abril pelo grupo, espécie de relatório de”compliance” da empresa, menciona a questão e informa, inclusive, que a varejista passou a condicionar “uma parcela da remuneração para os executivos mais graduados da empresa aos progressos adequados para alcançar esses objetivos”. Esse relatório contém carta assinada pelo presidente mundial, Doug McMillon, para investidores e o mercado, em que menciona necessidade de “identificar riscos” e desenvolver melhor processos de controle.