Rede, fundada há 111 anos, deve abrir oito unidades até o fim do ano, com investimento de R$ 12 milhões
Mais de 20 anos após deixar o Rio, as Pernambucanas voltaram à cidade na carona da crise econômica. A companhia inaugurou na quinta-feira sua primeira loja no Centro, na Rua do Ouvidor, num espaço que era ocupado antes por uma varejista concorrente.
É a quarta unidade inaugurada no estado este ano, mas os planos da empresa incluem a abertura de mais oito endereços até o fim de 2019, com investimentos de R$ 12 milhões e a criação de 180 vagas.
— O momento atual ajuda a achar novos pontos. Começamos em Itaperuna, Itaboraí e São Gonçalo. Agora, vamos para Campo Grande, Nova Iguaçu, Méier e Alcântara, além de procurar espaços em Copacabana e Barra da Tijuca. No Rio, o investimento por loja é mais alto que no resto do país, porque em algumas vias há pedido de pagamento de luvas — disse Sérgio Borriello, presidente das Pernambucanas.
Apesar da crise financeira na cidade, a companhia acelera seu plano de expansão com base em espaços comerciais vagos. Somente no ano passado, mais de dez mil estabelecimentos comerciais fecharam as portas na cidade, 15% mais que em 2017.
Em todo o estado, foram menos 25 mil lojas em atividade, segundo pesquisa do Centro de Estudos do Clube de Diretores Lojistas (CDLRio). Diante deste quadro, a rede vê potencial para abrir 60 endereços no estado até 2021, acirrando a disputa com Renner, C&A, Leader e Marisa.
A marca já esteve no Rio, mas a operação local das Casas Pernambucanas foi à falência em 1997. O controle acionário, porém, era diferente do da empresa de São Paulo, que foi fundada por Herman Theodor Lundgren há 111 anos. Após a solução de um conflito societário, o Rio de Janeiro voltou a fazer parte da estratégia do grupo.
Paolla Oliveira e o frio
Fundada há 111 anos, a Pernambucanas reeditou ainda sua famosa campanha publicitária, dos anos 1960, com o mote “Toc-Toc-Toc. Quem bate? É o frio!”, que conta com a presença da atriz Paolla Oliveira, garota-propaganda da marca desde 2015.
Mas, apesar do plano de crescimento — cuja meta envolve 37 novas unidades no país este ano—, o tíquete médio nas lojas caiu 5% neste ano, para R$ 320. Em compensação, Borriello ressalta que o número de visitas nas 359 lojas da rede aumentou:
— Isso leva a um esforço maior em criar ações promocionais. Trabalhamos mais e faturamos menos.
Borriello cita a criação de um cartão de crédito próprio com 3 milhões de unidades, além de outros dois milhões em parceria com a Elo como uma das iniciativas.
Jornada intermitente
Antonio Cesar Carvalho, da Acomp Consultoria, lembra que a redução dos juros ajuda ainda a estimular as vendas e permite que a empresa tenha acesso a um crédito mais barato para expandir no Brasil:
— Com vacância maior de espaços, há flexibilização dos custos, o que permite melhores condições de aluguel. Há uma recuperação gradual da economia.
É por isso que Borriello destacou a importância das reformas da Pevidência e tributária, como forma de impulsionar a economia. Ele citou as mudanças da reforma trabalhista. Dos 12 mil funcionários, 1.600 já têm fornada reduzida de 75 horas mensais, contra as 220 horas regulares.
– Para o Natal, vamos testar a jornada intermitente. São medidas que impulsionam a formalização.
Fonte: O Globo