As novas tecnologias serão o carro-chefe da revolução digital silenciosa na indústria de pagamento. A aposta da Visa é que novas formas de pagamento, como as transações por aproximação e compras por aplicativos de mensagem devem se proliferar a partir de 2018. Na Austrália, por exemplo, os pagamentos por aproximação já representam 42% das transações eletrônicas.
Entre as apostas para o Brasil em 2018, está o crescimento do débito na internet, com mais estabelecimentos virtuais aceitando a modalidade como forma de pagamento. Enquanto isso, as tendências mundiais prometem transformar o modo como as pessoas pagam por produtos ou serviços: uma solução da Visa, por exemplo, permite que o consumidor conclua transações ao escanear um QR code com o próprio smartphone. A possibilidade de comprar e fazer transferências por meio de aplicativos de mensagem, como o WhatsApp, também deve se tornar mais viável a partir deste ano. Com essa tecnologia, empresas vão conseguir conectar-se com consumidores, oferecendo mais suporte e informações.
Segundo o vice-presidente da Visa, Percival Jatobá, a empresa vem investindo há três ou quatro anos em um conceito chamado inovação aberta. “A inovação vem de todos os lugares e não pertence mais a um grupo seleto de empresas ou de corporações, como antes. Ela pode vir dos lugares mais desconhecidos, fragmentados e remotos do mundo. Dado que isso é uma realidade, precisamos trabalhar com o conceito de colaboração e entender que à medida que fortalecemos parcerias estratégicas, estamos criando alianças que vão nos levar mais para frente”.
Outro ponto da inovação aberta é que ela é totalmente voltada ao consumidor. “Ou criamos soluções para nossos clientes ou tem pelo menos 10 empresas na esquina desenvolvendo alguma coisa. Então, temos que apostar em todas as tecnologias, não sabemos qual delas vai prevalecer”.
Nenhuma dessas apostas vai acabar com o dinheiro em espécie, de acordo com o vice-presidente da Visa. Veja abaixo entrevista de Jatobá a VEJA:
O que é a revolução digital silenciosa, principal aposta da Visa para 2018?
Já passamos por algumas revoluções, talvez a mais recente tenha sido a revolução industrial, mas costumo dizer que estamos vivendo a era do empoderamento do cliente – a revolução do cliente, por isso usamos o termo revolução silenciosa. Hoje, o cliente tem muito claro o que ele quer: estar online, ter experiências [de compra] personalizadas, nada massificado e ele não se permite perder tempo. Todas essas características fazem com que o consumidor se sinta absolutamente empoderado. Brincamos que a revolução é silenciosa porque ela ainda não explodiu para o grande público, as tecnologias de inteligência artificial, internet das coisas e realidade aumentada ainda não se refletem na realidade do consumidor no dia a dia.
A revolução começa em 2018 ou teve início antes?
Ela começou em anos anteriores e acredito que em 2018 poderá se destacar. Toda revolução é feita de batalhas, talvez a batalha mais nobre para 2018 seja a de transações por aproximação porque, de todas as tecnologias, essa é a que talvez esteja mais próxima de emergir com força. Acreditamos que a indústria vai agarrar essa tecnologia e transformá-la em algo mais palpável para o consumidor final. Há cada vez mais interesse para que, da mesma forma que o Brasil é referência em pagamento com chips, se transforme em referência em transações por aproximação.
A tecnologia de pagamento por aproximação não representa um risco maior para a segurança do que o cartão de crédito?
Não, é até mais segura. Quando começamos a entrar no mundo digital ou a falar da digitalização dos meios de pagamento, temos que criar um protocolo de segurança chamada tokenização. Desenvolvemos esse protocolo para garantir a segurança absoluta das transações. Funciona da seguinte forma: ele “mascara” os dados sensíveis a algum tipo de clonagem ou captura ilícita, embaralha as informações de tal maneira que se os dados forem capturados durante o processo de compra, o hacker não vai conseguir fazer nada. Eu ousaria dizer que o pagamento por aproximação é tão seguro ou mais do que o cartão de crédito.
O dinheiro em cédula se tornará coisa do passado?
Temos uma teoria sobre a desconstrução do plástico. As pessoas sempre me perguntam quando o cartão de plástico vai acabar, mas a forma como vemos essa discussão é diferente. Não acreditamos que o cartão de crédito vai acabar nem o dinheiro. Não acredito que a cédula vai acabar, até porque no Brasil o dinheiro em espécie é protegido pela Constituição. Independentemente disso, acredito que as pessoas são fruto de seus hábitos. Dentro dos meus hábitos, por exemplo, está inserido o de pagamento e estou confortável em utilizar o cartão de crédito, que me atende perfeitamente. Eu tenho filhos e eles acham a coisa mais antiquada do mundo usar o cartão, então usam as pulseiras por aproximação. A desconstrução do cartão ou de outras formas de pagamento não é simplesmente tecnológica, é muito mais cultural do que simplesmente tecnológica.
Fonte: Veja