A gestora de private equity Vinci Partners comprou fatia minoritária do grupo pernambucano Drumattos, dono das redes de restaurantes Camarada Camarão e Camarão & Cia. Trata-se do quarto investimento da Vinci em dois anos por meio do fundo de investimento em participações Nordeste III, que conta com R$ 240 milhões do BNDES, Banco do Nordeste (BNB) e da própria Vinci.
O grupo tem seis unidades próprias – três em Pernambuco, um em Sergipe e duas no Rio de Janeiro – com a bandeira Camarada Camarão. São restaurantes com cerca de 800 metros quadrados. Além disso, a empresa tem 13 unidades próprias e 36 franqueadas com a bandeira Camarão & Cia, de fast food.
A receita foi de R$ 100 milhões no ano passado, considerando apenas as lojas próprias e as receitas com royalties das franquias. A empresa foi fundada em 1999 pelo empresário Sílvio Drummond, que lançou primeiramente a marca Camarão e Cia, em praças de alimentação de shopping centers.
Os recursos da Vinci serão usados principalmente para expandir a rede própria da Camarada Camarão. Neste ano, serão abertos três restaurantes em Fortaleza, Salvador e João Pessoa. “Sabendo que íamos fechar com o Vinci, já me antecipei em fechar os contratos para novas unidades”, disse o empresário, que tem formação em administração e marketing e engenharia de pesca.
O plano é abrir entre 15 e 20 unidades do Camarada Camarão nos próximos quatro ou cinco anos, no mínimo. Cada uma delas emprega, em média, 120 pessoas e demanda investimento de R$ 4,5 milhões.
Em 2020, a empresa pretende chegar a São Paulo e inaugurar seu maior restaurante, com 2 mil metros quadrados, em Brasília. Este será instalado na rua. Drummond diz que há um movimento de “popularização” das praças de alimentação de shoppings e ficou mais difícil ser competitivo em preços ofertando camarão nesses ambientes. “Estamos remodelando nosso cardápio da Camarão e Cia e a partir do ano que vem poderemos retomar uma expansão mais acelerada em fast food”, disse.
A Vinci assumiu o comando do fundo Nordeste III captado pela Rio Bravo há dois anos, quando a gestora teve seu controle vendido à chinesa Fosun. A Rio Bravo não chegou a fazer nenhum investimento com o fundo. O Nordeste III é focado em empresas nordestinas de médio porte. “Neste segmento, praticamente não temos competição. São poucos investidores e há boas oportunidades”, diz José Luis Pano, sócio da Vinci que comanda o escritório em Recife.
Com o Nordeste III, a Vinci compra fatias acionárias de 20% a 45% nas empresas, com cláusulas de controle compartilhado, injetando 100% do capital no caixa das companhias. “Sempre mantemos o fundador à frente”, diz Pano. Além dos recursos, a Vinci facilita acesso a crédito bancário e ajuda na gestão.
De dois anos para cá, a gestora comprou participação na Diagmax, de diagnósticos, na ENC Energy, de geração de energia a partir de biogás, e na varejista Mundo do Cabelereiro, todas pernambucanas. No fim do ano, o período de investimentos do Nordeste III se encerra e a Vinci está de olho em novas aquisições na área de saúde, principalmente.
Com a Vinci, a rede Mundo do Cabeleireiro aumentou o número de lojas de 20 para 37 em um período de um ano e quatro meses. Neste ano, a empresa deve alcançar faturamento de R$ 220 milhões, com uma expansão de 70% em relação a 2018, quando cresceu 31,5% sobre 2017.
Fonte: Valor Econômico