A jornada de digitalização empreendida pela Via Varejo (dona das marcas Casas Bahia e Ponto Frio) não beneficiou os resultados financeiros da companhia no terceiro trimestre, mas uma redução de 10% a 20% nas despesas trabalhistas é esperada para 2019.
A informação foi dada pelo diretor financeiro da Via Varejo, Felipe Negrão, durante teleconferência sobre os resultados de julho a setembro realizada ontem (25).
Segundo ele, os valores são nominais e sujeitos a variações, uma vez que o orçamento para o próximo ano não foi fechado. Ainda assim, tal impacto deve estar presente já no balanço do primeiro trimestre de 2019.
A perspectiva foi informada um dia após a divulgação da reversão, em um ano, de lucro de R$ 46 milhões para prejuízo de R$ 79 milhões no terceiro trimestre. No mesmo período, as despesas com vendas, gerais e administrativas saltaram 7,5%, para R$ 1,729 bilhão (ou 27,5% da receita líquida).
Os valores foram pressionados tanto pelo aumento nas despesas judiciais quanto pelas maiores despesas com marketing geradas pela divulgação ao público da nova estratégia digital da Via Varejo.
Em curso, tal empreitada inclui a implementação de um sistema de vendas único (o Via+) para os ambientes online e offline, novos apps para consumidores e vendedores e a digitalização de processos como o pagamento de carnês, faturas e a obtenção de crédito pelo consumidor.
“A parte mais difícil e sensível [da implementação dos sistemas] já ficou para trás”, sinalizou o CEO da Via Varejo, Flávio Dias. No caso do Via+, o fim da fase piloto de adequação foi precedida pela adoção do sistema de vendas em mil pontos de venda.
“Era natural que aparecessem coisas que não estavam no piloto, mas as instabilidades foram resolvidas rapidamente”, afirmou Dias. Segundo a companhia, mais de 70% das vendas já são realizadas através do sistema.
“Foi muito importante fazer essa adaptação no terceiro trimestre para entrarmos no quarto de forma segura e já colhendo benefícios”, argumentou o diretor-executivo de vendas, Paulo Naliato. “Estamos nos preparando para um [quarto] trimestre forte”, completou ele, citando a Black Friday e o Natal.
Para tal, a companhia conta com um estoque “bem dimensionado”, na avaliação dos executivos. Conforme balanço, a Via Varejo contava com R$ 5,557 bilhões em estoques ao fim do mês de setembro.
Competição
Em relatório, analistas do BTG Pactual classificaram como bem-vindas as iniciativas de transformação digital empreendidas pela Via Varejo. Ainda assim, a instituição financeira observou que competidores como Magazine Luiza, B2W e Mercado Livre seguem “alguns passos adiante” neste campo.
O BTG Pactual também lembrou que as receitas do grupo durante o terceiro trimestre ficaram abaixo das expectativas. No terceiro trimestre, a receita líquida total da Via Varejo somou R$ 6,3 bilhões, em alta interanual de 4,4%. Já o Ebitda recuou 61,6% durante o período, para R$ 161 milhões.
Além da maturação das novas tecnologias, fatores como a fraca demanda pós-Copa do Mundo de futebol e a menor penetração na oferta de serviços e crediários também impactaram os números. No período, a Via Varejo abriu 15 lojas, mas fechou 23. O crescimento na receita em lojas físicas (+5,2%, para R$ 5,221 bilhões), contudo, foi maior do que o do ambiente online (+1%, para R$ 1,156 bilhão).
Ontem, a ação preferencial da empresa (que já derreteu 37% no ano) valorizou 4,19% na B3. Já as ações ordinárias subiram 6%.
Fonte: DCI