A Via Varejo deve destacar hoje, em teleconferência com analistas, os desempenhos positivos em lucro líquido no primeiro trimestre, que atingiu R$ 13 milhões, versus perda de R$ 50 milhões um ano atrás, e nas margens no período. Além disso, reforçará a mensagem ao mercado de que não há uma decisão tomada sobre a oferta subsequente de ações do grupo, após ter confirmado em fato relevante dias atrás que está avaliando a possibilidade de uma oferta primária.
Desde que o Valor antecipou essa informação, na semana passada, a ação caiu 6% – fechou ontem a R$ 9,14. A depender da avaliação do mercado sobre o trimestre, o papel pode recuperar valor nos próximos dias. Quanto maior a valorização, menor seria uma diluição dos atuais acionistas.
Em entrevista ontem ao Valor, o presidente Roberto Fulcherberguer disse que a empresa registrou, de janeiro a março, o primeiro lucro desde o segundo trimestre de 2018 e acelerou ganhos de venda em abril. “Fechamos em abril faturando 90% de tudo que faturamos em abril do ano passado […]. Alcançamos ganho de 20 pontos em participação de mercado no on-line na segunda semana de abril, segundo dados da GfK. Isso mostra que as mudanças que já fazíamos no digital desde 2019 surtiram efeito e avançarão após a pandemia”.
De janeiro a março, a receita líquida não cresceu, ficou em R$ 6,3 bilhões – em parte, reflexo do fechamento de lojas da empresa após a terceira semana de março, por conta do isolamento social. Se não fosse esse fechamento, as vendas subiriam 10%, projetou a empresa. No caso das vendas totais, que incluem receita das lojas físicas e sites (considera o “marketplace” (shopping virtual), a alta foi de 3%, para R$ 7,8 bilhões (o BB estimava 10%). Esse índice seria 13% se não fosse a covid-19, diz a rede.
Ao se considerar apenas a operação on-line (marketplace e site), o crescimento foi de 46% – o Itaú BBA projetava alta de 40%. Essa alta refletiu o movimento da atual gestão de migrar de forma mais acelerada a demanda das lojas para o digital. Sobre o lucro de R$ 13 milhões de janeiro a março, o CEO diz que o montante seria de R$ 100 milhões se não fosse o efeito da pandemia. A margem bruta foi de 30,7%, versus 27,6% um ano antes.
Segundo, “o mercado andou falando muita bobagem da empresa. “Falavam que não iríamos conseguir virar uma empresa muito focada em lojas físicas para digital. Os números mostram que fizemos isso, e em menos de dez meses”, diz. “Você vê aí uma empresa que levou cinco anos para fazer 20 milhões de clientes mesmo comprando sites. Nós fomos de 1,5 milhão de usuários para 11 milhões de junho passado a abril deste ano”.
Sobre o caixa, o grupo encerrou o trimestre com soma de R$ 2,9 bilhões, incluindo recebíveis de cartão de crédito não descontados. Eram R$ 4,4 bilhões em dezembro e R$ 3,1 bilhões em março do ano passado. Sobre a queda em relação ao fim de 2019, Orivaldo Padilha, diretor financeiro, diz que o caixa de dezembro é mais alto por causa de Black Friday e vendas natalinas. A redução sobre março de 2019, não é vista por ele como relevante.
Sobre a necessidade de renegociar contratos de aluguel (80% foram revistos) e salários de empregados, Fulcherberguer diz que “não dá para carregar uma empresa on-line, mantendo os mesmos custos”
Fonte: Valor Econômico