A Via Varejo, dona da Casas Bahia e Ponto Frio, vai vender produtos dos lojistas do marketplace (shopping virtual) nas lojas físicas da empresa. O consumidor poderá ver e comprar os produtos em tablets, desktops e smartphones, instalados nas lojas, a partir do quarto trimestre deste ano. O grupo tem 970 lojas e 30 mil vendedores.
“Hoje vendemos o que está no site e só uma pequena fração disso são produtos do ‘marketplace’, mas projetamos que é possível chegar nos 100%”, disse o diretor de marketplace da Via Varejo, Paulo Madureira. A empresa tem 3,1 mil lojistas hospedados em seus sites e recebe uma comissão de 12% a 18% sobre o valor da venda. A empresa não informa o percentual de vendedores nas lojas que vendem pelos tablets ou smartphones.
Outras varejistas estão seguindo o mesmo caminho. No Magazine Luiza, todas as 860 lojas têm funcionários que vendem itens do site por tablets ou smartphones. Até fim do ano, comercializarão o portfólio dos lojistas do shopping virtual do Magazine.
Para elevar o volume de vendas dos marketplaces, especialistas dizen que, além da digitalização das lojas físicas, será preciso entregar o produto mais rapidamente, e oferecer a opção do consumidor desistir da compra. Há lojistas pequenos e médios com prazos de entregas longos e fretes caros.
A Via Varejo, ao avançar no plano de logística para os lojistas de seu shopping virtual, deve reduzir o prazo de entrega dos produtos. Este é um dos principais braços do negócio de marketplace no mundo – gerenciar o sistema de entrega dos vendedores, e ganhar receita maior oferecendo esse serviço.
Ao longo do tempo, a ideia é a Via Varejo mostrar ao consumidor, primeiro, produtos de lojistas que já tenham acordos de distribuição com a empresa pois, em tese, eles terão melhor serviço a apresentar. A Via Varejo tem 26 centros de distribuição no país que podem armazenar estoques desses lojistas. “Haverá uma gestão de que lojista terá destaque nos sites”, diz Madureira.
Essa questão é sensível porque há empresas de varejo reduzindo a venda on-line direta ao consumidor e passando a vender mais itens de lojistas diversos, e são esses lojistas pequenos e médios que determinam preço de frete e prazo de entrega. Eles entregam muitas vezes em prazos longos. B2W e Walmart foram as empresas que mais reduziram suas vendas diretas de um ano para cá, e aumentaram a venda de outros lojistas.
Madureira diz também que a companhia ainda está em conversas com 30 clientes (entre indústrias e varejistas) para que eles passem a usar o conjunto de serviços ofertados no marketplace, como armazenamento, publicidade e pós venda, por exemplo. Atualmente, a empresa oferece o conjunto completo de serviços para quatro clientes: HP, Nike, Fuji e Editora Abril. “Até setembro, devemos incluir a Philips nesse grupo e projetamos chegar a 20 clientes até o fim do ano”, afirmou o executivo.
“Todo mundo que entrar nesse grupo de clientes com uso de todos os serviços terá a opção de usar o sistema ‘retira em loja’ [venda pelo site e retirada nos pontos da Via Varejo]”, diz. “Talvez não colocaremos todo mundo [lojistas] de uma vez com essa opção”. A empresa não fala em prazo para isso. O “retira em loja” é um complicador para os varejistas porque obriga que as lojas tenham área de armazenagem nos pontos.
Sobre a operação financeira dentro do marketplace, por meio da criação de um modelo de pagamentos da empresa, Madureira diz que “esse é um dos projetos em discussão”. O Carrefour também estuda a ideia. O Mercado Livre usa o Mercado Pago, e o Magazine Luiza vai começar um piloto com o Magalu Pagamentos.
Fonte: Valor Econômico