Dona das bandeiras Casas Bahia e Ponto Frio, a Via Varejo ampliou o nível de estoques em R$ 997 milhões visando o segundo trimestre. O movimento é preparação para uma aguardada alta de vendas motivada pelo Dia das Mães e pela Copa do Mundo da Rússia.
A companhia fechou março com o nível de estoque em R$ 5,376 bilhões, ante R$ 4,379 bilhões em dezembro passado – indicando crescimento de quase R$ 1 bilhão em três meses. Na comparação com o nível de estoques ao fim do primeiro trimestre de 2017, o aumento foi de R$ 1,758 bilhão.
“Temos dois eventos sazonais muito importantes no segundo trimestre: o Dia das Mães, onde vamos bastante fortes, e a Copa do Mundo. O aumento de estoque está totalmente vinculado à oportunidade que enxergamos de adicionar vendas nesse período”, afirmou Peter Estermann, durante a última teleconferência de resultados dele como diretor presidente da Via Varejo.
À frente da empresa desde setembro de 2015, Estermann assume hoje (27) o comando do grupo GPA, holding que engloba, além da Via Varejo, marcas como Assaí, Pão de Açúcar e Extra. Em seu lugar, assume Flavio Dias, até então diretor da unidade de negócios online da Via Varejo.
Segundo Estermann, com Dias, a empresa deverá “prosseguir a implementação da transformação digital de forma acelerada e consistente.”
“Temos apostado em uma série de iniciativas e muitas delas devem ganhar aceleração nos próximos trimestres”, completou o diretor executivo de operações da Via Varejo, Paulo Naliato.
Um desses esforços é a estratégia multicanal da companhia, batizada como Retira Rápido; a partir do conceito click and collect, o serviço possibilita que uma compra online possa ser retirada em lojas físicas das bandeiras da Via Varejo, alem de parceiros.
Segundo a empresa, no primeiro trimestre o Retira Rápido atingiu 28,4% das vendas online nas principais categorias, que incluem produtos de telefonia e televisores.
Também associada à estratégia, a transformação de pontos de venda em pequenos hubs logísticos também avançou: a empresa finalizou o trimestre com cinco lojas do gênero. “Devemos alcançar 70 até junho”, afirmou Peter Estermann; a meta da empresa é finalizar 2018 com 220.
Em um dos cinco pontos de venda adaptados (no estado do Piauí), a Via Varejo reportou redução no tempo de entrega de 12 a 14 dias para um ou dois. A companhia já está analisando formas de cobrar pela entrega premium.
No caso da operação como marketplace (ou a oferta de produtos de terceiros no e-commerce), constatou-se crescimento de 25,5% durante o primeiro trimestre. A modalidade soma 3,3 mil parceiros.
Dessa forma, 27,5% (R$ 406 milhões) do montante transacionado via internet (GMV) já é oriundo do marketplace. Como um todo, a operação online faturou R$ 1,477 bilhão, em alta de 7,3% em um ano.
Lojas físicasA receita líquida da Via Varejo somou R$ 6,624 bilhões no primeiro trimestre, em aumento de 10,5%. As 971 lojas físicas geraram R$ 5,451 bilhões; a alta frente o mesmo período do ano passado foi de 11,4%, mas de 10,6% quando consideradas as mesmas lojas.
Nos últimos três meses, a empresa inaugurou sete pontos de venda (cinco da Casas Bahia e dois do Ponto Frio), sendo todos eles dentro de shopping centers; o fato, contudo, não indicaria uma priorização do formato sobre as lojas de rua. Entre as inauguradas, seis lojas partilham o modelo smart, que possui forte apelo tecnológico.
Em termos gerais, a Via Varejo ainda ampliou Ebitda em 25,7% (para R$ 386 milhões), Ebitda ajustado em 24,1% (R$ 407 milhões) e investimentos em 341,7% (R$ 106 milhões) em um ano. Por outro lado, as despesas com vendas, gerais e administrativas evoluíram 12,4%, para R$ 1,762 bilhão, pressionadas por pagamentos em acordos trabalhistas.
Com redução de 26% no lucro líquido no primeiro trimestre (para R$ 71 milhões), a Via Varejo teve ontem (26) a segunda maior baixa na B3: as units da empresa desvalorizaram 4,39%.
Fonte: DCI