A Via Varejo, braço de comércio físico focado em eletroeletrônicos do Grupo Pão Açúcar (GPA), começou a colher os primeiros resultados de suas estratégias de gestão voltadas ao aumento da margem de lucro nas vendas durante a crise que atinge o comércio de bens duráveis.
Depois de promover mudanças no sortimento das lojas físicas Casas Bahia e Ponto Frio, além de treinar os colaboradores das duas bandeiras para elevar as taxas de conversão de vendas, a companhia vê a comercialização no segmento mesmas lojas (unidades abertas há mais de 12 meses) subirem 1,8% durante o terceiro trimestre deste ano, frente ao mesmo período de 2015. “Contribuíram para este crescimento a performance da categoria de tecnologia, principalmente telefonia e televisores, além de lavadoras, bem como a manutenção de um adequado e diferenciado mix de produtos nas lojas, oferecendo à equipe de vendas ferramentas necessárias para elevar a taxa de conversão”, afirmou o GPA, em comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na última terça-feira (11).
Apesar dos números mostrarem estabilidade no patamar de vendas, para especialistas, a Via Varejo dá sinais de que mesmo no segmento de bens duráveis, a crise pode estar, finalmente, ficando para trás.
“Foi nitidamente um trabalho de gestão. Eles [GPA] investiram nisso e focaram em estocar produtos que realmente têm apelo junto ao cliente, principalmente neste momento difícil. Por isso, a estabilidade é até relevante, visto que o segmento de bens duráveis não tem registrado números de recuperação ainda”, opina a especialista em varejo e sócia fundadora da consultoria BA|Stockler, Angelina Stockler.
Os resultados da Via Varejo ficaram acima do observado pelo mercado, já que em julho, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas de móveis e eletroeletrônicos ficaram 6,8% abaixo do registrado no mesmo mês do ano passado, o que sugere, de acordo com o GPA, que a Via Varejo obteve ganho de market share no período.
Para Stockler, de acordo com o cenário atual, as vendas do segmento de bens duráveis só devem começar a reagir a partir do próximo ano, “quando as condições macroeconômicas devem estar mais claras”, diz.
Alimentos
Enquanto isso, o braço de varejo alimentar do GPA – Multivarejo – segue dando sinais de que setor supermercadista será o primeiro a sair da crise.
No terceiro trimestre deste ano, as vendas ‘mesmas lojas’ subiram 18,6% em relação ao período entre julho e setembro de 2015, puxado, principalmente, pelo desempenho da bandeira atacadista Assaí.
A receita da bandeira de “atacarejo” avançou 45,7% no período, saltando para R$ 3,7 bilhões, o que fez com que o Assaí passasse a representar 37% de todo o faturamento do Multivarejo, ante 29% no terceiro trimestre de 2015. Ao todo, a receita do GPA no período somou R$ 15,7 bilhões, um avanço de 4,4% na comparação com o mesmo período do ano passado.
“Neste ponto, eles acertaram no desenvolvimento de cada bandeira diferente, seja Extra, Pão de Açúcar, Assaí ou as de proximidade, junto ao público alvo de cada um deles”, comenta Stockler, da BA|Stockler.
De acordo com a consultora, após as mudanças, ficou mais nítido para o cliente o que ele pode buscar em cada uma das bandeiras do GPA. “Isso ajuda muito na hora da escolha do consumidor”, lembra.
Em seu comunicado à CVM, o Grupo Pão de Açúcar afirma que houve ganho de martket share da bandeira Extra nos últimos cinco meses avaliados a partir de abril. Neste momento, o foco da companhia ainda é priorizar as lojas que têm alcançado retornos maiores, como os modelos atacadista e proximidade.
Não à toa, o GPA trabalha para entregar em breve outras 15 lojas desenvolvidas sobre os formatos listados, sendo nove unidades Assaí, uma Extra Hiper e outras cinco sob a bandeira Minuto Pão de Açúcar.
“Os formatos de maior retorno seguem como prioridade da companhia tanto para expansão quanto para conversões entre formatos”, avisa.