Após obter prejuízo de R$ 49 milhões no primeiro trimestre de 2019, a varejista Via Varejo – controladora das marcas Casas Bahia e Ponto Frio – aposta alto na precificação regional e na conclusão até o final de junho do processo de integração total entre os canais de venda físico e online.
“O posicionamento regionalizado deve alavancar a margem e promover maior competitividade, sobretudo em segmentos de itens como móveis e eletroportáteis, os quais também auxiliam no crescimento do fluxo de clientes dentro de nossas lojas”, explicou em teleconferência ao mercado o CEO da Via Varejo, Peter Esterman, destacando que a participação de tais categorias nas vendas brutas tem aumentado – chegando a níveis verificados em 2017.
Na avaliação do analista da Ativa investimentos, Ilan Arbetman, a adoção desse posicionamento mais regionalizado da Via Varejo pode ser considerado como tentativa de ganhar share de mercado, uma vez que a gigante estrangeira Amazon pisou em solo brasileiro recentemente. “Do ano passado para esse não tivemos grandes mudanças em termos sazonais. O que podemos concluir a partir dessa movimentação [da Via Varejo] é que existe maior concorrência dentro do setor, sobretudo com a abertura do segundo centro de distribuição da Amazon no Brasil”, diz o analista, destacando que as projeções de mercado traçavam prejuízo entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões na companhia no primeiro trimestre.
Para além da regionalização, Estermann afirmou também que a companhia tem outros alicerces de crescimento para o curto prazo. “Nos próximos 90 dias, vamos continuar de forma intensiva em três pilares estratégicos para o crescimento da companhia: melhoria do nosso pipeline baseado na proposta comercial e categorias mais eficientes, eficiência operacional, e, por fim, ajuste de custos”, complementou Estermann na teleconferência.
Dessa forma, o executivo menciona a necessidade de ajustar o nível de eficiência e de integração entre os canais de venda online e offline até o final do primeiro semestre de 2019. “Até o final de junho devemos concluir a integração total entre as operações offline e online da companhia. Isso deve promover maior eficiência na gestão de nossos estoques e também previsibilidade”, complementou ele.
Ainda de acordo com Estermann, em relação ao plano de redução de custos, há uma tentativa para que tais medidas não afetem a experiência de compra dos consumidores. “Todas as iniciativas nesse sentido já foram tomadas e a partir de agora começamos a colher os resultados disso.”
Sobre as estratégias adotadas, o consultor da Ativa, Ilan Arbetman, entende que um fator que pode ter “atrapalhado” o desempenho da companhia nos últimos dois anos foi a falta de entendimento dentro do conselho administrativo. O Grupo GPA pretende concluir a venda da controladora até o final de 2019, preferencialmente para algum player internacional.
Balanço
Divulgado ontem (24), o balanço trimestral da companhia mostra uma queda de 18,2% no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) no primeiro trimestre de 2019 em relação ao mesmo período do ano anterior – atingindo R$ 521 milhões.
No que diz respeito ao Capex previsto da companhia para 2019, há perspectiva de aporte entre R$ 550 milhões e R$ 600 milhões. No entanto, tal montante de capital ainda deve passar pela chancela do conselho da empresa. Além disso, o faturamento nas plataformas online somou R$ 1,7 bilhão na mesma base de comparação. Por fim, a receita bruta das lojas físicas no período analisado no balanço atingiu R$ 5,9 bilhões – alta de 0,3% sobre um ano.
Fonte: DCI