O desempenho do setor têxtil e de vestuário um pouco acima do esperado levou a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit) a revisar para cima parte das projeções para o ano, que havia divulgado em janeiro.
“Estamos com um pouco mais de otimismo na parte de produção e varejo de vestuário. Mas temos que ver como esse momento político vai refletir no ânimo dos empresários no segundo semestre. Estamos com um otimismo cauteloso, com crescimento baixo sobre uma base muito sacrificada”, afirmou Fernando Pimentel, presidente da Abit.
Para a produção têxtil, a Abit manteve a previsão de aumento de 1% sobre 2016, para 1,72 milhão de toneladas. Para o faturamento do setor têxtil e de confecção, a Abit manteve a projeção de R$ 135 bilhões, com alta de 4,7% em relação a 2016. A entidade considera que a inflação mais baixa e o aumento da produção local vão permitir ao varejo levar produtos com preços menores durante o período de verão.
Pimentel pondera que o setor começou a apresentar alguma recuperação no segundo semestre de 2016 e, por isso, as projeções para o ano são menores do que as variações vistas de janeiro a maio, quando a produção têxtil cresceu 5,3%, a de vestuário cresceu 6,6% e o varejo de roupas avançou 6%.
“As bases de comparação do segundo semestre são mais altas que as bases do primeiro semestre. E ainda há uma inadimplência alta, taxa de desemprego alta e não se sabe em que velocidade o Copom [Comitê de Política Monetária] vai baixar a taxa básica de juros [Selic]. Tudo isso terá efeito sobre o setor daqui para frente”, afirmou Pimentel.
Na avaliação do executivo, a economia ainda não se descolou totalmente do cenário político turbulento. “A economia caminha à margem da crise política, mas bem aquém do que deveria ser. E ainda vai sofrer impactos se a política tiver uma deterioração”, afirmou Pimentel.
A Abit destacou como fatores mais positivos do setor a geração de 20 mil novos postos d trabalho de janeiro a maio. A projeção para o ano agora é de geração de 30 mil novas vagas, ante previsão feita em janeiro de 10 mil postos. Se esse desempenho se confirmar, o setor fecha o ano com 1,5 milhão de empregos diretos, voltando ao nível de 2015.
Pimentel destacou ainda o aumento de 51,14% nas importações de máquinas e equipamentos feitos pelas indústrias no primeiro semestre, para US$ 178,5 milhões. A Abit estima que, no ano, os investimentos das indústrias do setor chegarão a R$ 2,1 bilhões, o que representa um aumento de 25,7% em relação aos desembolsos feitos em 2016. A estimativa original era de um aumento de 4,7%, para R$ 1,7 bilhão. “A queda da Selic ajuda a estimular os investimentos no setor, mas tem que ser mais acelerada para estimular as indústrias”, afirmou o executivo.
Arthur Pacheco de Castro, presidente do Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem do Estado de São Paulo (Sinditêxtil-SP), acrescentou que, em São Paulo, o setor ainda será favorecido no segundo semestre pela decisão do governo de reduzir de 12% para zero a alíquota de ICMS sobre a saída de produtos têxteis do Estado.
“Pudemos perceber alguns movimentos de melhora na produção em São Paulo. A redução do ICMS deve contribuir para uma retomada mais rápida do setor no Estado”, afirmou Pacheco. São Paulo responde por 30% da produção têxtil e de vestuário no país. Ele prevê geração de 10 mil postos de trabalho no Estado neste ano.
Fonte: Valor Econômico