Rony Meisler é CEO do grupo Reserva, palestrante, presidente do movimento Capitalismo Consciente no Brasil, membro do conselho do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV) e membro do conselho consultivo da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (ABIT). Batemos um papo com Rony Meisler sobre cultura organizacional, estratégia de negócios e gestão. Confira a entrevista:
ECB: A Reserva foi a única empresa brasileira entre as mais inovadoras da Revista Fast Company, ao lado do Google, Apple e Netflix. Por que você acha que a Reserva é diferente e sai do comum? E: como fazer o time ter buscar esse mesmo mindset?
Rony: A Reserva não é uma marca que vende roupas para pessoas, mas uma marca de pessoas que vendem roupas. O mercado acredita que as roupas são as estrelas da festa e que vendem sozinhas.
A Reserva acredita no contrário: a boa roupa, com qualidade e valor aspiracional, é a nossa obrigação e a de todas as outras centenas de marcas de moda.
Por outro lado, por exemplo, quantas vezes na vida um homem troca de barbeiro? Pouquíssimas! Não porque necessariamente o corte de cabelo ou barba seja excepcional, mas por conta da incrível e afetuosa experiência que ali provavelmente vivem.
Homens são mais fiéis a experiência do que ao produto. Nós gostamos do ambiente, da música, da bebida e do papo das pessoas. A compra dos produtos que lá estão é uma consequência lógica pelo fato de adorarmos estar em um determinado lugar.
Neste sentido, nosso processo seletivo não tem como objetivo encontrar bons vendedores (as) e sim pessoas legais e de bom coração.
Nossos treinamentos não são pensados para transformar pessoas em robôs ou máquinas de vendas e sim para mostrar a elas que quanto mais forem elas mesmas por consequência e não causa maior serão as vendas.
Nossas lojas não são pensadas como lojas de roupas e sim como casas onde moramos e recebemos nossos amigos para beber, ouvir boa música e trocar ideias.
Nelas possuímos barbearias, cafeterias, Playstation, espaço para co-working e cerveja gelada.
Além disso, a maior das nossas premiações chama-se “Movendo o Céu e a Terra Pelo Cliente” que premia as mais emocionantes histórias de encantamento ao invés das maiores vendas.
Nossas campanhas não falam de roupas, mas de assuntos contemporâneos sobre os quais gostaríamos de conversar com nossos amigos nesta mesa de bar chamada Reserva.
Enfim, nossa missão é sermos entendidos também como um amigo além de uma marca e é para isso que trabalhamos todos os dias.
ECB: A Reserva tem lojas online e offline. Como você consegue entregar uma experiência única para o consumidor?
Rony: A Reserva entrega experiência de compra tanto online quanto offline. Do ponto de vista do e-commerce podemos destacar o sistema logístico que realiza entrega para algumas regiões do Rio de Janeiro em apenas 3 horas e de bicicleta. Prezamos muito pela comunicação com o consumidor, não importando o ambiente.
Contamos também com a UseReserva.com, nossa loja localizada no São Conrado Fashion Mall que apresenta um novo jeito de ver e usar a moda do futuro. Esse espaço dá ao consumidor acesso a todos os produtos das mais diversas linhas num único endereço, sem estoque. Ali, a compra é feita através de tablets ou totens. E para acompanhar esta evolução, o pedido chega à residência ou ao endereço do cliente em até cinco horas (regiões da Zona Sul, Centro, São Conrado e Barra da Tijuca), sendo a entrega feita 100% de bicicleta.
Entre os serviços de conveniência disponíveis na loja do Fashion Mall, estão a Barbearia do Zé montada nos fundos do espaço, e a primeira filial do restaurante orgânico Verdin, que traz no cardápio saudável pratos quentes, saladas, sanduíches, lanches e sucos frescos.
ECB: Além das lojas próprias, a Reserva também franquias. Quais são as vantagens e desvantagens de cada uma?
Rony: Nosso principal desafio com as franquias é manter a experiência de encantamento Reserva, por isso somos muito cautelosos com a expansão. Apenas abrimos uma nova loja quando temos certeza que ela vai transmitir o DNA da marca.
ECB: Qual sua opinião sobre o fast-fashion? Você apoia o consumo consciente?
Rony: Apoiamos 100% o consumo consciente, inclusive presido de maneira voluntária o movimento Capitalismo Consciente no Brasil. Os Capitalistas Conscientes entendem que quando seus negócios geram impacto positivo para todos os stakeholders eles acabam sendo melhores negócios.
Pessoalmente me recuso a consumir de negócios, em qualquer mercado, que desrespeitam a direitos trabalhistas e que geram impacto ambiental negativo em busca de maiores lucros. Isso não significa dizer que toda cadeia de fast-fashion ou que cadeias que não são de fast-fashion não façam.
É importante, isso sim, que haja uma maior conscientização por parte dos consumidores no que diz respeito a toda a cadeia de fornecimento para que possam tomar decisões de consumo mais responsáveis.
Toda a produção da Reserva é feita no Brasil, para aqui gerar renda e emprego, e por fornecedores que são auditados pela ABVETEX assim garantindo que, ao comprar na Reserva, o consumidor está tomando uma decisão de consumo 100% responsável.
ECB: Como os projetos sociais nos quais a Reserva está envolvida influenciam sua visão geral do negócio?
Rony: Acabamos de completar 1 ano do projeto 1P5P com mais de 9 milhões de refeições viabilizadas para quem passa fome no País.
O projeto garante que para cada peça comprada na Reserva e na Reserva Mini, tanto nas lojas físicas quanto nos sites, com a ajuda da Associação Civil Banco de Alimentos, a empresa viabiliza a entrega de cinco pratos de alimento para pessoas em situação de insegurança alimentar, por isso no nome 1P5P – 1 peça 5 pratos.
ECB: Posicionamento político: ajuda ou atrapalha a comunicação com o consumidor?
Rony: Imaginamos a Reserva como uma gigantesca mesa de bar, rodeada de amigos. Nela a gente conversa, brinca, se diverte, toma uma cerveja, dá a opinião sobre diversos assuntos, escuta a dos outros. Este é o nosso jeitão de ser e acreditamos ser justamente a nossa autenticidade que atraia nossos consumidores.
ECB: Falando em comunicação, o marketing de conteúdo da Reserva é uma estratégia realmente bem diferente. No que vocês apostam para 2018? (Redes sociais, blogs, influenciadores?)
Rony: Seguiremos apostando em sermos nós mesmos e no diálogo com nossos consumidores.
Em todas as mídias nunca conversamos ou conversaremos com nossos amigos sobre a melhor camisa da nossa última coleção, mas sempre sobre a nossa visão do mundo e suas coisas.
Seguiremos sendo missionários daquilo que acreditamos cientes de que não existe autenticidade com unanimidade concomitante.
Fonte: E-Commerce Brasil