As vendas do comércio varejista brasileiro recuaram 6,1 por cento em dezembro na comparação com o mês anterior e subiram 1,2 por cento na comparação com o ano anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira.
Foi a quarta alta anual consecutiva do setor, mas o desempenho mais fraco dos últimos 4 anos. O comércio varejista apresentou números positivos no acumulado anual de 2,1% em 2017; 2,3% em 2018; 1,8% em 2019; e 1,2% em 2020.
O balanço positivo nas vendas do comércio varejista no acumulado de 2020 veio após um primeiro semestre de queda de -3,2% e um segundo semestre de alta de 5,1%.
Com esses resultados, o varejo terminou o ano no mesmo patamar de fevereiro de 2020, período pré-pandemia. Depois de fortes quedas em março e abril, o setor varejista registrou crescimento de maio até outubro, ultrapassando o patamar pré-pandemia, mas voltou a contrair nos últimos dois meses do ano.
O resultado de dezembro é o segundo recuo mensal consecutivo e o pior para um mês de dezembro de toda a série histórica, iniciada em 2000. Já comparado a dezembro de 2019, as vendas do varejo tiveram aumento de 1,2%, sexta taxa positiva consecutiva.
Quanto ao varejo ampliado, que inclui as atividades de material de construção e de veículos, as vendas caíram 3,7% em dezembro ante novembro, na série com ajuste sazonal. Na comparação com dezembro de 2019, sem ajuste, as vendas do varejo ampliado tiveram alta de 2,6% em dezembro de 2020. As vendas do comércio varejista ampliado acumularam queda de 1,5% no ano de 2020, após 3 anos consecutivos de altas.
“Zeramos a conta. Estávamos 6,5% acima do patamar pré-crise, e agora zeramos”, explicou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos. “A queda em dezembro é um reposicionamento natural, já que o patamar estava muito alto com os resultados de outubro e novembro.”
O IBGE mostrou que em 2020 cinco das dez atividades do comércio varejista, contando com varejo ampliado, tiveram alta. Os destaques foram material de construção (10,8%), móveis e eletrodomésticos (10,6%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (8,3%).
Já em dezembro, todas as dez atividades fecharam com queda frente a novembro. As vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico caíram 13,8%, enquanto as de tecidos, vestuário e calçados recuaram 13,3%.
Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, que respondem por quase metade do resultado total da pesquisa do varejo, apresentaram queda de 0,3% nas vendas do mês, em resultado influenciado pela inflação de alimentos.
As vendas varejistas foram alavancadas pelo pagamento do auxílio emergencial do governo e pelo relaxamento das medidas de contenção ao coronavírus, após atingirem queda histórica em abril (-17,2) diante das medidas restritivas adotadas para reduzir a disseminação do vírus.
No final do ano, a atividade sofreu com o aumento da inflação, e a recuperação agora passa ainda por uma retomada do trabalho, que enfrenta dificuldades.
Fonte: Exame