A crise econômica atual tem impactado o consumo e, com isso, o desempenho do varejo de moda. Com a chegada do Natal, o setor estima estabilidade nas vendas de final de ano, se comparado ao mesmo período de 2015. O início de recuperação lenta do crescimento de vendas está previsto para 2017.
Para Edmundo Lima, diretor executivo da ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil), a chegada do décimo terceiro salário pode motivar o consumidor a voltar às compras, incluindo os artigos de vestuário. “É um movimento de melhora vagaroso, com a recuperação prevista para 2017. No momento, os consumidores ainda estão retraídos e as varejistas também fazem um planejamento conservador com relação às vendas de fim de ano. Obviamente, o 13º salário é uma injeção adicional de recursos no mercado, o que pode incentivar o retorno ao consumo”, afirma Lima.
É possível notar que as vendas apresentaram discreta melhoria no desempenho de produtos específicos, especialmente os artigos promocionais e com preços mais populares. A crise alterou os hábitos de consumo do brasileiro que precisa administrar o orçamento mais limitado. “A troca de produtos mais caros por mais acessíveis está ocorrendo também no segmento de vestuário e as redes voltadas a atender os públicos C e D vêm atraindo mais pessoas”, comenta.
Mercado de Vestuário no Brasil
O IEMI – Inteligência de Mercado apresentou à ABVTEX os resultados do estudo “Mercado de Vestuário no Brasil”, desenvolvido a pedido da entidade. A pesquisa aponta que para 2016, ainda espera-se uma pequena melhora de 1,1% no volume da produção de vestuário no país, com aumento nominal de 4,5% em valor (ou queda real de 2,5%, descontada a inflação prevista para o ano). Já para o varejo de vestuário, a queda prevista para este ano é de 4,6% em volume de vendas e aumento nominal de 2,7% em receita (ou queda real de 4,3%). Em 2017, o varejo de vestuário já teria um crescimento de 1,2% em volume e de 6,4% em valor nominal (aumento real de 1,3%).
Quando tratada a importância dos canais de distribuição do varejo de moda, o estudo revela que as lojas independentes (lojas de bairros e boutiques) foram o principal canal de distribuição do varejo, com 37% dos volumes e 28% dos valores, do total em 2015. Este canal é responsável pelo escoamento de 2,3 bilhões de peças e R$ 50,9 bilhões.
Porém, entre as tendências deste segmento, o levantamento aponta o fenômeno do varejo em transformação: “Nos próximos cinco anos, estima-se crescimento médio de 1 a 2% ao ano para o varejo de moda, com os importados recuando para menos de 8% dos volumes consumidos. As grandes redes do varejo tendem a crescer acima do mercado, em detrimento das pequenas lojas independentes (multimarcas)”, aponta Marcelo Prado, diretor do IEMI.
Edmundo Lima explica o fenômeno: “As empresas de varejo de vestuário associadas à ABVTEX vêm fazendo a sua parte ao adotar estratégias diferenciadas, como investir na qualidade de produtos, oferta de produtos que atraiam o consumidor brasileiro, oferecendo curadoria e looks cada vez mais completos (calças, blusas, vestidos, calçados, bolsas e acessórios), além da maior velocidade de resposta às demandas dos consumidores”.
Para Lima, num ano desafiador, é imprescindível que as grandes redes varejistas busquem ganhar competitividade, aumentando a produtividade. Estes magazines devem consolidar ainda mais sua representatividade no mercado. “Vislumbramos oportunidades para a consolidação do mercado, que é bastante fragmentado”, destaca.
A população brasileira consome por ano 6,6 bilhões de peças de vestuário e o público feminino predomina no consumo de roupas com 52% dos volumes. A maior demanda é do público com poder de compra B e C, que respondem por 62% da população e 70% dos gastos com o produto (R$ 127 bilhões ano). O Sul e o Sudeste concentram quase 66% da demanda potencial, mas as melhores oportunidades de crescimento estão nas demais regiões do país.
A ABVTEX reúne 23 associados que são as principais redes varejistas nacionais e internacionais de vestuário, responsáveis por cerca de 50 marcas importantes do País, e que respondem por 22% na venda do varejo de moda brasileiro.