As vendas do comércio varejista em maio tiveram queda, em volume, de 1% na comparação com o mês anterior, na série livre de influências sazonais (como o número de dias úteis), divulgou o IBGE nesta terça-feira (12).
Foi o pior desempenho para um mês de maio desde o início da série histórica, em janeiro de 2000. O setor havia registrado alta de 0,5% no mês anterior, puxado por supermercados.
O resultado veio pior que o centro das expectativas de economistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg, que esperavam avanço de 0,4% na comparação mensal.
Em relação a maio do ano passado, a perda foi de 9%. A projeção da Bloomberg tinha como mediana (centro de estimativas) queda de 6,3%. No acumulado em 12 meses, a baixa foi de 6,5%.
“Os resultados mostram que o varejo ampliou a trajetória de queda”, afirmou a economista o IBGE Isabella Nunes, comparando o acumulado dos cinco primeiros meses de 2016 (-7,3%) com o primeiro e o segundo semestre de 2015, quando as vendas registraram queda de 2,2% e 6,4%, respectivamente.
De acordo com ela, o volume de vendas do comércio varejista registra queda de 12,2% em relação ao pico histórico, atingido em novembro de 2014. Em maio, o volume de vendas esteve no mesmo nível de dezembro de 2011.
A economista citou a queda no número dos trabalhadores com carteira assinada e da renda do trabalhador, no primeiro trimestre, e o aumento dos juros no crédito às famílias, em maio, como fatores que seguraram as vendas. “Os números do comércio estão reagindo ao enfraquecimento do mercado de trabalho.”
SETORES
O resultado de maio foi impactado pelo desempenho do item outros artigos de uso pessoal e doméstico, que engloba as lojas de departamentos, artigos esportivos e brinquedos e teve queda de 2,4% na comparação com abril e de 15,5% em relação a maio de 2015.
Também tiveram impacto negativo as vendas de móveis e eletrodomésticos, que caíram 1,3% em relação a abril e 14,6% na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
“São tipos de consumo que podem ser postergados dadas as restrições no orçamento”, afirmou a economista do IBGE Isabella Nunes, para quem o Dia das Mães teve pouca influência no desempenho da atividade em 2016.
Segundo ela, a única atividade que mostrou alguma reação à data foi tecidos e vestuários, que teve alta de 1,5% em relação ao mês anterior. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, porém, o segmento teve queda de 13,5%.
AUMENTOS
O segmento de supermercados e produtos alimentícios, que havia puxado o indicador para cima em abril, ficou estável em maio em relação ao mês anterior. Em comparação com maio de 2015, caiu 5,6% e foi a principal contribuição para a queda das vendas do comércio varejista neste período.
As vendas de combustíveis também tiveram forte impacto na comparação anual, com queda de 10,9% em relação a maio de 2015. Segundo Nunes, o desempenho dos dois segmentos foi fortemente influenciado pela elevação de preços no período.
A receita nominal de vendas do varejo ficou estável com relação a abril e teve alta de 2,2% ante maio de 2015, mesmo com a queda nas vendas. De acordo com a economista o IBGE, o descolamento entre os dois indicadores mostra que o comércio tem conseguido elevar os preços, mesmo em tempos de crise.
O indicador de comércio ampliado, que inclui veículos e materiais de construção teve queda de 0,4% na comparação com o mês anterior, refletindo o desempenho melhor do segmento automotivo, que subiu 1% nessa base de comparação. A economista do IBGE disse, porém, que a alta reflete mais o investimento em manutenção de carros usados do que a compra de carros novos.