Número está no 1º Painel das Vendas de Livros do ano. Relatório apresentado pela Nielsen e pelo SNEL aponta ainda que preço médio do livro cresceu 14,16%, puxado pela alta nas vendas de livros importados
O Sindicato Nacional dos Editores (SNEL) e a Nielsen divulgaram o primeiro Painel das Vendas de Livros de 2016. O documento, que apurou a venda de livros em livrarias e em supermercados no período de 29 de dezembro de 2015 a 25 de janeiro de 2016, mostra que o varejo de livros no Brasil teve crescimento de 14,9% no faturamento frente ao mesmo período do ano anterior. As receitas saltaram de R$ 145.061.024,13, em 2015, para R$ 166.678.347,95, em 2016. É a primeira que o faturamento cresce acima da inflação.
O volume de exemplares vendidos, no entanto, manteve-se praticamente estável, apresentando crescimento de 0,65% e totalizando 3.509.995 exemplares, em 2016, versus 3.487.252, em 2015.
O relatório aponta o aumento do preço médio do livro — que saltou de R$ 41,60 para R$ 47,49 (variação positiva de 14,16%) — como uma das causas para o fenômeno. Embora o Painel não mostre (por uma questão de metodologia), Ismael Borges — gestor do Bookscan, ferramenta da Nielsen que monitora o mercado de livros — disse ao PublishNews que a participação do livro importado cresceu mais do que qualquer outra categoria de livros. “A alta do dólar e esse fenômeno atípico puxaram o preço médio do livro para cima. Não quer dizer necessariamente que o preço do livro subiu no período”, comentou. Outro fator que explica o aumento no faturamento, na opinião de Ismael, é o intervalo mais curto entre carnaval e volta às aulas.
Para Borges é cedo para falar em recuperação do setor. “A conjunção de fatores envolvendo ajuste de preço de títulos e as datas móveis que geram concentração de vendas de didáticos / CTPs trazem um início de ano com números vistosos. É importante aguardar o próximo período de vendas para avaliar se isto é uma tendência ou resultado da antecipação das compras”, comentou.
O relatório aponta que houve crescimento de 11% na participação dos livros Infantis, Juvenis e Educacionais, onde estão classificados os livros didáticos, e de 15,5% nos de não ficção especialista, onde estão cadastrados os livros de CTP. O segmento de não ficção trade, que apresentou crescimentos expressivos em 2015, apresentou queda de 18,36% no período e os de ficção caíram 13,5%.
Levando em consideração o faturamento com “preço cheio”, o relatório projeta crescimento hipotético de 12,43% no faturamento das editoras. Marcos Pereira, presidente do SNEL analisa o número: “o crescimento do faturamento e do preço médio está totalmente ligado às vendas de livros didáticos e técnicos, cuja participação no total cresceu 7 pontos percentuais no primeiro período. Analisando as categorias separadamente, a única que alcança o índice de inflação são os livros educacionais”.