A Semana do Brasil, data promocional criada pelo governo federal para estimular o comércio, foi considerada positiva por varejistas, que pretendem adotá-la de forma permanente.
“Dados preliminares indicam que houve crescimento nas vendas no período. Esse evento veio para ficar como data fixa. Já vamos planejar a promoção do próximo ano”, afirmou Marcelo Silva, presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV). A entidade reúne 70 associados, incluindo Grupo Pão de Açúcar, Magazine Luiza, Lojas Americanas e Renner.
O IDV não tem ainda dados fechados das vendas no período. De acordo com levantamento da Cielo, as vendas entre 6 e 15 de setembro tiveram crescimento nominal de 11,3% em relação ao mesmo intervalo de 2018. Excluindo o efeito calendário de um dia útil a mais neste ano – no ano passado, o feriado da Independência do Brasil caiu na sexta-feira – o aumento nas vendas foi de 10,9%.
O cálculo é feito com base nas transações realizadas em máquinas da Cielo, que representam em torno de 40% do varejo. Sobre esses dados são feitas projeções de vendas em todo o país. “É uma aceleração interessante, se considerarmos que em agosto o varejo cresceu 5%”, disse Gabriel Mariotto, diretor de inteligência da Cielo.
Mariotto observou que no começo da Black Friday no Brasil, em 2011, as vendas cresceram 14% em relação ao ano anterior. “É possível que essa nova data evolua como a Black Friday nos próximos anos”, afirmou o executivo.
A Compre&Confie, empresa de inteligência de mercado da Clearsale, estima que só as vendas on-line na Semana do Brasil cresceram 30,3%, totalizando R$ 2,2 bilhões. A estimativa tem como base dados de mais de 4,5 mil lojas virtuais atendidas pela Clearsale, incluindo redes como B2W, Via Varejo, Dafiti e Magazine Luiza.
“O comércio eletrônico já vinha crescendo 20% neste ano. O crescimento real com a ação foi de 10%. As vendas na Black Friday são 19 vezes maiores que as vendas em um dia normal. Considerando os investimentos das empresas, esperava um desempenho melhor para o período”, avaliou André Dias, diretor-executivo da Compre&Confie.
A Pernambucanas, varejista de moda e artigos de cama, mesa e banho, colocou em promoção no período 1 milhão de itens de suas lojas, ou cerca de 8% do seu estoque, disse Sergio Borriello, presidente da empresa.
Como resultado, as vendas de vestuário da Pernambucanas cresceram 25% em comparação com o mesmo período de 2018. Em cama, mesa e banho, houve aumento de 5%. Em celulares, as vendas caíram 4%. “Os consumidores estão atrás dos descontos e de produtos de valor mais baixo. Ainda assim, o saldo foi positivo”, disse Borriello.
A Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), que reúne as 27 maiores redes de varejo de moda, consultou seus associados e 70% deles consideraram positiva a Semana do Brasil. Tito Bessa Junior, presidente da Associação Brasileira dos Lojistas Satélites (Ablos), disse não ter visto efeito positivo. “No nosso caso, em que a maioria das lojas é de confecção, calçados e acessórios, as vendas ficaram abaixo da expectativa”, disse.
Fonte: Valor Econômico