As vendas de vinho pela internet e as importações crescem a um ritmo forte, em direção oposta ao mercado físico de vinhos nacionais, que está encolhendo. O crescimento é explicado pelo grande número de varejistas on-line especializadas em vinhos, mas também pelo fato de grandes redes de lojas físicas terem aumentado a oferta desse tipo de bebida em seus sites.
“Considerando as vendas já realizadas até outubro e a perspectiva para o quarto trimestre, nossa estimativa é que as vendas on-line de vinhos vão movimentar R$ 550 milhões neste ano”, diz André Dias, diretor de operações da consultoria Ebit, que monitora vendas de 150 sites de vinhos no país.
O valor de R$ 550 milhões representa expansão de 41% sobre as vendas de 2016. Para o comércio eletrônico total, a previsão é de um aumento de 10% no ano.
Além de sites especializados em vinhos, o comércio on-line ganhou impulso pois grandes varejistas ampliaram o portfólio na web. Os principais concorrentes no mercado on-line, segundo a Ebit, são Evino, Wine.com.br, Super Adega, Adega Angeloni, Extra, Pão de Açúcar, Empório da Cerveja (da Ambev) e Miolo.
O crescimento das vendas de vinho pela internet contraria a tendência do mercado nacional. Segundo o Instituto Brasileiro do Vinho, de janeiro a agosto, as vendas de vinhos nacionais encolheram 7,25%, para 122,5 milhões de litros. As vendas de espumantes nacionais caíram 12,43%, para 5,9 milhões de litros. A Ibravin espera que as vendas recuperem o fôlego no quarto trimestre e o setor feche 2017 com estabilidade no volume.
As importações cresceram 28,7% até setembro, para 90,8 milhões de garrafas. Em valor, houve aumento de 30,5% para US$ 266 milhões. Adilson Carvalhal Júnior, presidente da Associação Brasileira de Exportadores e Importadores de Alimentos e Bebidas, diz que o mercado reage bem, “mas os brasileiros têm optado por vinhos de preços mais baixos”.
A Evino, especializada em vinhos europeus, é uma das varejistas on-line que estão crescendo. Sua estratégia é ter um portfólio apenas de produtos em promoção. Suas vendas devem ter um salto de 150% neste ano, para R$ 265 milhões. A projeção para 2018 é chegar a R$ 477 milhões. Os vinhos são vendidos entre R$ 24 e R$ 400 a garrafa.
“Fazemos promoções que ficam 24 horas no site e depois retiramos o produto. A estratégia consiste em fazer uma venda sempre em promoção e com tempo reduzido, para estimular a volta do consumidor à loja”, diz Olivier Raussin, copresidente da Evino. As compras pelo celular já representam 40% das vendas. Raussin diz que a operação é lucrativa há três anos. A Evino foi fundada em 2012 e tem como sócios Olivier Raussin, Ari Gorenstein, Marcos Leal e um fundo que administra a fortuna de uma família brasileira, que prefere ser mantida em sigilo.
Fonte: Valor Econômico