Varejistas acreditam que consumidor esteja migrando compras de produtos de perfumaria para farmácias. Setor registrou alta de 13,7% em 2015, frente a 2014.
Os varejistas do setor farmacêutico têm apostado justamente em produtos que não são medicamentos para ampliar seus resultados. A estratégia visa aproveitar o aumento das vendas de itens de higiene e beleza, em média, 13,7% nesses estabelecimentos no ano passado, em comparação com 2014.
Para os empresários que atuam no setor, a alta é consequência de uma mudança de hábito do consumidor, que está migrando as compras de itens de perfumaria para as farmácias.
“O brasileiro de um modo geral mudou seus hábitos de compra no que se refere à higiene e beleza. Passou a realizar as suas compras em drogarias, que oferecem uma maior variedade de itens e um acompanhamento dos funcionários”, diz o diretor de marketing do Grupo DPSP, Roberto Tamaso.
A companhia é responsável por duas das maiores redes de farmácias do País: a Drogaria São Paulo e a Drogarias Pacheco.
A venda de não medicamentos nas lojas farmacêuticas brasileiras somou R$ 12 milhões em 2015, segundo a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). No ano anterior, a receita total destes itens foi de R$ 10,6 milhões.
De acordo com a entidade, o crescimento também ficou acima do verificado no setor como um todo – somando as vendas de todos os produtos, incluindo medicamentos e não medicamentos -, que registrou alta de 12% em 2015, em relação a 2014.
A RaiaDrogasil, por exemplo, viu as vendas do segmento de perfumaria aumentarem 21,5% no ano passado, também na comparação com o ano anterior.
Para a empresa, além da migração do consumidor, o resultado foi alavancado pela forte alta na saída de repelentes, que não são contabilizados como medicamentos comuns.
No fim do ano passado, o grupo iniciou uma parceria com a fabricante de cosméticos Natura para aproveitar a alta demanda. “Estamos vendendo itens da linha SOU [da Natura] em lojas Droga Raia e Drogasil em Campinas, no interior de São Paulo”, comentou, em nota, a companhia.
No último trimestre de 2015, as vendas dos itens de higiene e beleza representavam 28,7% do total geral da drogaria. No terceiro trimestre do mesmo ano, o índice era de 26,5%.
Variedade como estratégia
De olho nesse movimento, a Drogarias Campeã aumentou o mix de itens nas seções de perfumaria para garantir sua fatia do bolo. Desde 2013, a varejista diz que tem investido em melhorias e na ampliação desses espaços na área interna das suas lojas.
“Fizemos um comparativo em agosto do ano passado, por exemplo, e quem segurou as vendas durante o período de inverno foi a perfumaria. As vendas naquela fase tiveram 90% de crescimento se comparado com o ano anterior”, afirma o diretor da Drogarias Campeã, Robson Ferreira.
“Todas as nossas lojas, hoje, são formatadas para ter uma boa apresentação de produtos desse setor”, continua.
O plano fez com que a representatividade das vendas desses itens pular de 9%, em meados de 2013, para 30% no ano passado.
Em 2014, segundo Ferreira, o índice era de 28%.
No geral, o faturamento da companhia em 2015 foi de cerca de R$ 200 milhões, o que representa um crescimento de 11% em comparação com o ano anterior.
Para seguir em crescimento, principalmente na área de higiene e beleza, a empresa diz negociar frequentemente com fornecedores como Johnson & Johnson, Hypermarcas e Procter & Gamble, a fim de manter preços equilibrados na concorrência com os supermercados.
“Há alguns anos, o nosso mix desses produtos era muito pequeno. Quando aumentamos o portfólio, as vendas cresceram consideravelmente”, explica Ferreira.
Os itens de perfumaria também ajudam a rede a elevar o tíquete médio do consumidor.
Para o diretor da Drogarias Campeã, esse foi o segredo para driblar a queda no fluxo de clientes. “O número de clientes caiu, mas como conseguimos ampliar o tíquete médio, pudemos sair de 2015 crescendo.”
Até o final deste ano, a companhia espera abrir, pelo menos, outras 11 lojas pelo País. Atualmente são 59 unidades. A previsão é de faturar até 8,5% mais que em 2015. “Sem contabilizar os novos empreendimentos”, diz Ferreira.