O segmento de varejo e private no Brasil encerrou o ano passado com um volume de R$ 2,66 trilhões, aumento de 11,2% em relação ao visto um ano antes, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira, 21, pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). Com a taxa básica de juros pela primeira vez em 6,75%, a tendência é de busca por investimentos de maior risco, visto que os produtos de renda fixa perderam parte do apelo com a Selic mais baixa.
Considerando apenas o segmento de varejo, dos R$ 1,69 trilhão ao final do ano passado, alta anual de 9,5%, R$ 664,2 bilhões estavam na poupança – aumento de 8,8% ante 2016 -, enquanto a proporção de títulos e valores mobiliários caiu 7,4%, para R$ 492,1 bilhões. A maior expansão foi a fatia dos fundos de investimento, de 32,8% de um ano para o outro, a R$ 538 bilhões no final de 2017.
Segundo o presidente do comitê de varejo da Anbima, José Rocha, o aumento do ritmo da queda de juros já vem sendo demonstrado pelo avanço dos investimentos em fundos. Segundo ele, há maior procura nos fundos ativos, como multimercados e de renda variável. “Isso já mostra mais maturidade do investidor do varejo e isso deve continuar”, disse, em teleconferência com jornalistas.
Rocha destaca que o aumento dos volumes direcionados para a poupança também demonstra melhora da economia. “A poupança é muito forte no varejo tradicional. É o seu porto seguro e grande parte não vai abrir mão, mesmo com rentabilidade menor”, diz.
Já presidente do comitê de private banking da entidade, João Albino, aponta que para este ano a projeção é de otimismo para o setor. Os investimentos em previdência aberta, destaque no segmento Private em 2016 e 2017 – crescimento de 27,6% no ano passado -, deverão seguir como carro-chefe, destaca. “Hoje, a performance de Previdência melhorou muito com a flexibilização de regras. A oferta de produtos é grande e existe o apelo fiscal e tributário”, afirma, destacando que enxerga muito espaço para crescimento.
Ainda no segmento private, uma tendência é um alongamento da carteira. Para isso o cliente deverá abrir mão de parte da liquidez de seu portfólio.
Albino destaca que, entre os clientes do Private, outra mudança foi o aumento do crédito tomado, que subiu 11,8% no ano passado. O executivo frisou que os juros em níveis baixos têm atraído os clientes a preservarem sua liquidez e buscarem crédito a taxas atrativas junto aos bancos. Albino avalia que o crescimento do crédito deve se concentrar em fiança e no imobiliário.
Números
O volume do varejo tradicional e de alta renda somou, no ano passado, R$ 1,694 trilhão, segundo dados da Anbima. Já o segmento private, incluindo previdência, chegou em R$ 964 bilhões em 2017. O número de contas do varejo tradicional e alta renda encerrou o ano com 73,6 mil contas e o private, com 117 mil.
Sem incluir previdência, o volume total somou R$ 2,56 trilhões no ano passado, aumento de 11,2% ante o visto um ano antes.
A Anbima aponta ainda que o número de contas do varejo tradicional voltou a apresentar crescimento, de 5,8%, ante uma queda de 4,2% em 2016 ante 2015.
Em private, o volume cresceu 15,9% em relação a 2016. É notória ainda a maior diversidade das aplicações. Enquanto no varejo parte relevante estava na poupança, no private esse investimento representava, no final do ano passado, 0,7% do total. Renda variável estava com a fatia de 15,1%, 28% em ativos de renda fixa, 10% em previdência e 46,3% em fundos de investimento.
Fonte: Estado de Minas