Até 2025, o Brasil deverá passar pelo “apagão tech”, um déficit de 425 mil profissionais do setor de tecnologia para o mercado local
Por Carolina Unzelte
c. A conclusão vem de um levantamento recente da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom).
Apesar da remuneração média de uma pessoa do ramo chegar a ser quase 3 vezes maior que o salário médio nacional, o país forma um profissional da área para cada 11 de outras mais tradicionais, como direito e administração.
“O único caminho para trazer soluções e respiro para a área de tecnologia é estourar a bolha”, diz Alessandra Miliatti, gerente de aprendizagem digital no grupo Raia Drogasil. “Só vamos conseguir superar isso olhando para os grupos minorizados”.
A especialista abordou o tema durante a sua palestra da The Developer’s Conference Business (TDC). No evento, ela explica que o processo de contratação para profissionais de TI ainda obedece à procura pelo “talento padrão” — isto é, “formado em uma universidade tradicional, falando inglês fluentemente”.
“O problema é que o acesso a essas faculdades ainda é restrito, e apenas 1% da população brasileira tem inglês fluente”, diz Miliatti, citando dados de uma pesquisa do British Council.
Mercado precisa abrir portas para diversidade
O resultado de contratações para talentos padrões é a formação de um cenário pouco diverso no setor. Hoje, 37% dos que trabalham em tecnologia são homens brancos ou asiáticos, contra apenas 11% de mulheres negras ou indígenas, segundo relatório de 2022 da Pretalab.
“Pessoas que poderiam ter suas vidas transformadas não chegam à área. Estar em um cargo de tecnologia é um privilégio para muitas pessoas”, aponta Miliatti.
Para mudar essa realidade, é preciso construir programas de inclusão, dando apoio inclusive para ferramentas necessárias para uma formação de qualidade. Outro ponto é trabalhar a autoestima de profissionais acostumados a serem rejeitados por suas condições sociais e econômicas, diz a especialista.
“É um trabalho de RH levar convencimento e visão para gestores”, diz Milliati. Ela conta que, geralmente, líderes de áreas pedem por profissionais “sêniores” para lidar com o problema da falta de mão-de-obra para tech. E, por vezes, gostariam de apressar a formação.
“Já me pediram para transformar um profissional júnior em sênior em 90 dias. [Isso] Não é possível”, completa.
TDC Business
Uma das principais conferências para desenvolvedores da América Latina, a TDC Innovation Business neste ano acontece no formato híbrido — isto é, é possível participar de maneira presencial, em São Paulo, ou no formato online. A conferência começou na segunda-feira (22) e vai até a próxima quarta-feira (24).
A TDC foi criada para conectar palestrantes, empresas, profissionais e entusiastas para debater temas que estão em alta no mercado de tecnologia, possibilitando capacitação e troca de experiências.
Os participantes podem conferir 33 trilhas de conteúdo premium, pagas e segmentadas por Inteligência Artificial e Machine Learning, UX Design, Data Science, Transformação Digital, entre outros.
Fonte: UOL