Por Daniela Braun | O consumidor brasileiro não pareceu muito animado para ir às compras pela internet no ano passado. O faturamento de R$ 254,4 bilhões das lojas on-line em 2023 mostrou um avanço tímido de 0,67% em relação a 2022, quando o movimento tinha encolhido 2,2% após um salto de vendas, no auge da pandemia da covid-19, em 2021 e 2020.
O número de consumidores no comércio eletrônico diminuiu, alcançando 108,4 milhões em 2023, um recuo de 0,5% em relação a 2022, mostra a 49ª edição do Webshoppers, levantamento da consultoria NielsenIQ Ebitres.
Apesar do avanço fraco, o faturamento do comércio on-line em 2023 é maior do que o de 2019, portanto antes da pandemia (ver gráfico). Também superou as vendas do atacarejo, que movimentaram R$ 203 bilhões, em 2023. O desempenho do e-commerce perdeu apenas para o resultado dos supermercados que faturaram R$ 492 bilhões no ano passado.
O resultado do e-commerce em 2023 reflete a adaptação do setor mesmo em um cenário de desafios econômicos, diz Luiz F. Davison gerente da divisão de comércio on-line da NielsenIQ Ebit. “O fato de que o e-commerce está solidamente posicionado como o segundo maior canal de vendas em valor no varejo nacional é um testemunho da sua importância e impacto significativo no cenário econômico”, diz Davison, em comunicado.
A pesquisa mostra que o brasileiro que usou a internet para fazer compras, consumiu mais alimentos e bebidas. As vendas de produtos de consumo rápido (FMGC, na sigla em inglês) representaram 4,9% do faturamento do e-commerce, sendo 65,3% em alimentos e bebidas.
Na categoria de alimentos, marcada por alta de preços, houve queda de 15,2% em volume de pedidos, mas aumento de 48,7% no faturamento, em relação a 2022. No mesmo intervalo, o faturamento bruto das vendas de bebidas recuou 4,9%, apesar da alta de 4% no volume de pedidos.
O crescimento das vendas de FMCG reflete uma mudança significativa no comportamento do consumidor, com ênfase em compras de abastecimento e reposição, nota Davison. “Os consumidores estão cada vez mais recorrendo ao e-commerce para atender às suas necessidades cotidianas de compras, impulsionando o crescimento dessas categorias no ambiente on-line”.
Outro levantamento recente, realizado pela Kantar, mostra que as vendas on-line se tornaram mais frequentes em 179 mil lares brasileiros no ano passado, em relação a 2022. A pesquisa também mostra que a categoria de bens de consumo rápido, bebidas e higiene e beleza, teve 9,8% de participação no volume de vendas do e-commerce no quarto trimestre de 2023. No fim de 2022 essa fatia foi de 9,7%.
A pesquisa Webshoppers também avaliou compras em aplicativos de entregas de produtos de supermercados e farmácias. Entre 1.512 consumidores pesquisados, 32% disseram que usaram esse serviço em supermercados e 45% em farmácia pelo uma vez ao mês, no ano passado. Os resultados mostram alta de três pontos percentuais nos pedidos de supermercado e de sete pontos nos pedidos de farmácia, em relação a 2022.
As compras em sites internacionais feitas por 69% dos brasileiros, em 2023, apresentaram um leve recuo em relação a 2022, quando 72% dos pesquisados compraram itens vindos do exterior em sites como Shopee, Aliexpress, Amazon e Shein. “Apesar da queda na utilização de sites internacionais, o e-commerce cross border continua sendo uma parte relevante do panorama de compras dos brasileiros”, ponderou Davison.
Fonte: Valor Econômico