Por Ana Luiza Carvalho | As vendas do comércio eletrônico no mercado brasileiro caíram 7,3% no primeiro semestre, em relação ao mesmo período do ano passado, somando R$ 119 bilhões, de acordo com o levantamento Webshoppers, da NIQ Ebit. O número de pedidos realizados no mesmo intervalo recuou 5,2% no comparativo anual.
A diferença entre os percentuais de queda, na visão da NIQ Ebit, pode indicar que os brasileiros estão comprando itens mais baratos.
O diretor de comércio eletrônico da NIQ Ebit, Marcelo Osanai, afirma que o desempenho do comércio eletrônico nos seis primeiros meses deste ano reflete as condições macroeconômicas difíceis. “As categorias que registraram maior retração foram as de mais valor agregado. Essa queda é associada a fatores como os juros e, com um cenário de possível queda de juros, pode haver aquecimento no consumo”, afirma.
Os setores de destaque foram os de giro rápido: o faturamento de perfumaria e cosméticos cresceu 5,3%, enquanto o de alimentos e bebidas teve queda de 1,4%. Apesar da retração, a NIQ Ebit considera que foi um resultado positivo, pois a queda não foi expressiva.
Em número de pedidos, a categoria perfumaria alcançou a liderança, enquanto a de casa e decoração caiu do primeiro lugar para o segundo. Saúde subiu da quarta para a terceira posição. O segmento de alimentos e bebidas fez o caminho inverso e foi para o quarto lugar em número de pedidos.
O faturamento de telefonia caiu 40% em relação ao primeiro semestre de 2022, seguido pelo recuo de 26,1% em moda e acessórios e de 23,8% em eletrônicos. A categoria de informática também sofreu forte queda, de 20,4%.
De acordo com Marcelo Osanai, o pior desempenho da categoria de moda é explicado, em parte, pelo avanço das plataformas de varejo internacionais. No último semestre, 68% dos entrevistados afirmaram fazer compras no e-commerce internacional, ante 54% no mesmo período de 2022. A retomada do varejo físico após a pandemia também pesou contra as operações de moda on-line. “Os shoppings e lojas de rua também estão retomando sua relevância.”
A pesquisa da Nielsen agrega os dados de compras realizadas em sites e aplicativos de varejistas, além de marketplaces nacionais.
A tendência do comércio eletrônico brasileiro para o segundo semestre, na visão do NIQ Ebit, segue “desafiadora”, apesar de haver uma certa melhora no segundo trimestre em relação ao primeiro.
“O primeiro trimestre foi mais agressivo na queda, principalmente em fevereiro e março, e agora começamos a observar uma desaceleração nessa queda”, diz Osanai.
A queda nas vendas, em valor, em fevereiro, foi de 9,8% e, no mês seguinte, chegou a 11,9%. Em abril, o recuo foi de 10%. A diferença entre os meses de maio foi de 5%, enquanto em junho a diferença de vendas diminuiu para 2,1%.
Fonte: Valor Econômico