Os números de uma pesquisa feita pela Holmes Report, publicação norte-americana especializada em relações públicas, são categóricos. Depois de ouvir os 100 profissionais considerados mais influentes no mundo, a Holmes apurou que quase dois terços deles (59%) pretendem aumentar os gastos com desenvolvimento de conteúdo. O levantamento mostra que a publicidade tradicional com foco exclusivo de divulgar produtos e serviços já vai se tornando uma estratégia de marketing ultrapassada. “Para transmitir uma mensagem, as empresas precisam conquistar a atenção do consumidor. As pessoas não estão olhando apenas para uma tela, mas para várias ao mesmo tempo. Nesse sentido, a pesquisa revela que os profissionais de relações públicas têm despertado cada vez mais para importância de apresentar um conteúdo relevante para consumidor, que seja utilitário e relacionado à filosofia da empresa”, avalia João Paulo Capelli Martins, professor de marketing e comunicação digital na ESPM-Sul.
O marketing de conteúdo está em franco crescimento no Brasil e vem ganhando cada vez mais adeptos nos mais variados mercados, desde o varejista até o corporativo. Porém, existem poucas companhias que conseguem trabalhar com essa estratégia. A maioria ainda está presa a um modelo de busca exasperada por resultados imediatos, em ações não (ou mal) planejadas e que se valem, de forma recorrente, da adoção de estratégias de divulgação generalizada. São barreiras culturais que ainda impedem o crescimento exponencial do marketing de conteúdo país. “Uma informação com elevada percepção de valor por parte dos consumidores é aquela que apresenta um conteúdo relevante, que as pessoas vão querer consumir espontaneamente, ao invés de recusar, como ocorre na publicidade. Alguns exemplos utilizados são os infográficos, podcasts e vídeos”, enumera Martins, que já foi gerente de marketing e desenvolvimento de produtos no Terra Networks e na Serasa Experian.
Experts ressaltam um erro muito comum praticado por diversas marcas. Elas se preocupam preliminarmente com canal de distribuição da mensagem antes de planejar e criar um conteúdo genuíno – o que deveria ser o primeiro passo a ser dado. Uma grife também deve se posicionar como referência de mercado com base naquilo que ela entende – e faz – melhor. “É preciso entender conteúdo como informação, como aquilo que agrega valor ao leitor, seja ele utilitário ou hedônico, pelo prazer”, ensina. No Rio Grande do Sul é possível destacar alguns cases como o da Tramontina, que divulga receitas de pratos em sua página no Facebook. Tigre e Leroy Merlin (foto) também merecem destaque, tendo em vista não apenas a popularidade, mas o fato de virarem referência aos consumidores e tomadores de decisão com dicas de instalação de seus produtos. “Uma campanha de marketing de conteúdo é bem-sucedida quando o consumidor revela que a publicidade está sendo útil para ele. E ele dirá isto”, conclui Martins.
Fonte: Amanhã