O apoio da tecnologia em transformações como a dessa relação entre o pequeno varejista e a indústria é a chave para que os negócios locais se fortaleçam
Por Roberto Angelino Filho
Se há um ponto em comum em todo o Brasil no que diz respeito ao empreendedorismo são os comércios locais. Seja um mercado que já é tradicional no bairro e foi passado de pai para filho, ou um negócio pensado para que os moradores da região não precisem se deslocar de carro com um mix de produtos essenciais, eles estão presentes nas grandes cidades, no interior, de Norte a Sul do país.
Outra questão em comum entre esses estabelecimentos é o relacionamento com os clientes. Historicamente, cria-se um vínculo afetivo, conhecendo o proprietário e seus funcionários pelo nome, decorando o horário de funcionamento, cumprimentando os vizinhos durante as compras. Eles sabem que vão encontrar o que querem, no momento em que querem, do jeito que querem.
Apesar disso, a competitividade em relação às redes varejistas sempre esteve presente. Ao longo das últimas décadas, os super e hipermercados foram ocupando espaço e se tornaram atraentes ao oferecer preços mais baixos negociados diretamente com as indústrias, opções de pagamento a prazo até o ponto de se tornarem grandes centros de compras com lojas e lazer — o passeio do fim de semana.
Os negócios locais foram aos poucos buscando formas de se modernizar. Passaram a aceitar cartão de crédito, fazer entregas grandes, receber pedidos por WhatsApp. Ou seja, iniciaram um processo de digitalização. O maior desafio seguia sendo o preço e, em tempos de crise econômica, uma outra movimentação tornou-se ainda mais célere: a expansão dos atacarejos, que se disseminaram em um modelo de compra em maiores quantidades, com valores mais baixos e focado no autosserviço.
Com todo esse contexto, um levantamento do Sebrae divulgado em setembro de 2021 mostrou que 67% dos empresários do varejo tradicional registraram faturamento abaixo do esperado no mês anterior. Além disso, 46% disseram ainda ter dificuldades em manter o negócio.
E é aí que a inovação entra novamente em cena, pois já existem soluções que oferecem caminhos para que o pequeno varejista se empodere e, assim, impulsione sua competitividade. Uma das oportunidades é a possibilidade de negociar diretamente com as indústrias, uma forma de garantir preços mais baixos, visto que não há intermediadores, e de ter acesso a uma variedade maior de produtos — e consequentemente atender os clientes com novidades antes restritas àquele deslocamento do fim de semana.
O apoio da tecnologia em transformações como a dessa relação entre o pequeno varejista e a indústria é a chave para que os negócios locais se fortaleçam. É mais um capítulo de uma história que você certamente irá escutar nas próximas visitas ao mercadinho do seu bairro.
Fonte: Exame