O comércio varejista do Estado de São Paulo parece começar a se recuperar de um longo período de encolhimento no total de empregos formais, que já durava sete meses. Em julho, o varejo paulista criou 401 empregos, resultado de 66.595 admissões e 66.194 desligamentos. Com isso, o estoque ativo de trabalhadores atingiu a marca de 2.063.828 no mês, redução de 3,3% em relação a julho do ano passado.
Apesar do recuo na comparação anual, o setor não apresentava saldo positivo desde novembro de 2015, quando 13,6 mil trabalhadores foram contratados para atender a demanda do Natal, data mais importante para o comércio.
Os dados compõem a Pesquisa de Emprego no Comércio Varejista do Estado de São Paulo (PESP), realizada mensalmente pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) com base nos dados do Ministério do Trabalho, por meio do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e o impacto do seu resultado no estoque estabelecido de trabalhadores no Estado de São Paulo, calculado com base na Relação Anual de Informações Sociais (Rais).
De acordo com a assessoria econômica da FecomercioSP, dois fatores podem explicar a retomada do saldo positivo de trabalhadores em julho. O menor número de desligamentos demonstra que as empresas não conseguem, de forma tão intensa, continuar desligando trabalhadores como no início da crise, mantendo os colaboradores necessários para os estabelecimentos seguirem funcionando.
Segundo a Entidade, esse fato tende a desacelerar o ritmo de crescimento do desemprego no setor. A outra justificativa para a alta em julho foi uma visão menos pessimista do empresário em relação à economia, ao consumo das famílias e, consequentemente, às suas vendas. Esse ganho de confiança, neste primeiro momento, tende a amenizar também a perda de vagas e serve como primeiro sinal para uma retomada tímida e gradual da geração de empregos, que deve ser mais visível no último trimestre de 2016, porém mais intensa somente no segundo semestre de 2017.
Mesmo com o saldo positivo em julho, apenas duas das nove atividades pesquisadas criaram novos empregos na comparação com o mesmo mês de 2015: os segmentos de farmácias e perfumarias aumentaram o número de empregados com carteira assinada em 1,9%, e os supermercados, em 0,3%. Os destaques negativos foram os setores de lojas de móveis e decoração (-7,9%), de concessionárias de veículos (-7,3%) e de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamentos (-7,1%).
Com relação aos dados por ocupações, as funções que apresentaram os maiores saldos positivos de empregos foram as de vendedores e demonstradores (773 postos de trabalho), seguida de embaladores e alimentadores de produção (597 vagas). Em doze meses, o cargo que mais perdeu vagas foi o de vendedores e demonstradores, com -14.709 vagas.
Nesse mesmo período, os escriturários em geral perderam 7.893 postos de trabalho. Cerca de um quarto do total de empregos eliminados nos últimos doze meses eram ocupados por trabalhadores com nível de liderança do quadro funcional, como gerentes, supervisores e diretores.
Segundo a FecomercioSP, aos poucos, não somente as atividades que comercializam bens essenciais, como supermercados e farmácias e perfumarias, registram aumento no estoque de trabalhadores formais. Em julho, ainda que o número positivo mais destacado seja o de supermercados, já se vê saldo positivo em autopeças e acessórios e também no segmento de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas departamentos.
Naturalmente, os saldos muito negativos de 2015 e do primeiro trimestre de 2016 foram se amenizando e, neste momento, invertem-se para um tímido saldo positivo. Ainda de acordo com a Federação, essa estagnação do mercado de trabalho deve se manter, salvo nos meses mais impactados pela sazonalidade (positiva ou negativa) do comércio varejista.
Varejo paulistano
O comércio varejista da capital paulista encerrou julho com 646.355 empregados, após a criação de 1.207 postos de trabalho com carteira assinada ao longo do mês, resultado de 21.131 admissões e 19.924 desligamentos. O saldo acumulado nos sete meses do ano ficou negativo em 15.762 empregos e, nos últimos 12 meses, foram eliminados 19.719 postos de trabalho – o que levou à redução de 3% do estoque total na comparação com julho de 2015.
Das nove atividades pesquisadas, apenas as que comercializam bens essenciais registraram aumento no estoque de trabalhadores em relação a julho do ano passado: farmácias e perfumarias (1,9%) e supermercados (0,8%). Os destaques negativos foram as lojas de móveis e decoração (-7,9%), as concessionárias de veículos (-7,5%) e as lojas de vestuário, tecido e calçados (-6,5%).