Os novos modelos de negócios vão ganhar cada vez mais espaço em empresas tradicionais. A afirmação é de Marcelo Silva, vice-presidente do conselho do Magazine Luiza. O executivo vê na disrupção digital a compreensão das mudanças no comportamento de consumo.
“O foco na inovação e no cliente é uma consequência trazida pela tecnologia”, disse em Silva em apresentação durante o Master Class, programa de fomento e debate sobre tendências de inovação tecnológica no varejo, organizado pela Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) nos dias 13 e 14 de agosto passado, em São Paulo (SP).
Exemplo de sucesso no comércio eletrônico do país, a Magazine Luiza investiu em automação e apostou na estratégia multicanal, alcançando um faturamento superior a R$ 19 bilhões e um crescimento de 380% ao longo dos últimos dez anos. “As lojas físicas vão coexistir com a plataforma digital. É o cliente que escolhe onde quer comprar”, ressalta Silva. Em 2015, quando Frederico Trajano assumiu o posto de CEO – após iniciar carreira desenvolvendo o e-commerce Magalu – a empresa mergulhou em um processo de transformação digital.
Na época, foram realizados investimentos em plataformas de tecnologia como o laboratório de inovação Luiza Lab, em ferramentas de marketplace, automação de logística, expansão da rede de distribuição, na criação de minicentros de distribuição e na aquisição de empresas de tecnologia. Com uma atuação omnicanal, a empresa alcançou a marca de 954 lojas, com um lucro líquido de R$ 597 milhões no fim do ano passado. Entre 2015 e 2018, a representatividade das vendas online saltou de 4% para 38%. Já a frequência de compra pelo site aumentou 25% em um único ano.
Profundo estudioso do Magazine Luiza, o brasileiro Thales Teixeira afirma que a disrupção digital é uma ameaça às empresas estabelecidas porque elas estão perdendo grande participação do mercado em um período curto de tempo. Ele é professor de marketing da Harvard Business School e autor do livro Unlocking the Customer Value Chain: How Decoupling Drives Consumer Disruption, ainda não publicado no Brasil.
“O cliente vai à loja, escolhe o que deseja e compra na web, que é mais barato. Essa tendência vai se estender para todos os segmentos de mercado”, afirma. E ele lembra: “As ameaças geralmente surgem de fora do setor de atuação, não dos concorrentes diretos. São as startups que estão roubando atividades de cadeia de valor do consumidor em vez de roubar clientes das empresas”, adverte.
Fonte: Panorama Farmacêutico