Cresceu a demanda por crédito de varejistas junto ao atacado, após retração em 2016, como reflexo de uma leve melhora no ambiente de consumo neste ano.
A quantidade de empresas de varejo que buscaram se financiar no distribuidor avançou 5,5% no primeiro semestre de 2017, em relação ao mesmo período de 2016.
No acumulado do ano passado, houve queda de 13,8%, segundo dados apresentados ontem pela Associação Brasileira dos Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad) em São Paulo. Normalmente, o atacado ajuda a financiar o pequeno varejista, com acesso limitado a capital no mercado.
Os cálculos foram feitos pela Serasa, a pedido da entidade. Para efeito de comparação, a demanda de empresas em geral caiu 4,5% no primeiro semestre.
Para chegar a essas taxas, a Serasa considera o volume de CNPJs que registraram, na sua base de dados, alguma relação de crédito entre as empresas de varejo e as instituições do sistema financeiro ou empresas não financeiras.
Na avaliação da Serasa, a queda da inflação neste ano levou a algum aumento na renda disponível dos consumidores de baixa renda, e com isso o varejo começou a reativar a demanda por crédito junto a seus fornecedores.
“O crescimento sinaliza que a necessidade de maior abastecimento do varejo, principal cliente do atacado, está sendo retomada, com expectativa de melhora no faturamento, volume e rentabilidade”, disse o vice-presidente de pessoa jurídica da Serasa Experian, Victor Loyola.
Esse movimento de gradual elevação de renda disponível possibilitou um crescimento no pagamento de dívidas em atraso do consumidor no varejo. A inadimplência no comércio recuou 7,2% entre no primeiro semestre em relação a igual período de 2016.
Apesar desse aumento na demanda por crédito no varejo, o resultado ainda não recupera a queda no crédito apurada em 2016, de quase 14%. E ocorre num cenário em que o atacado ainda tem tido desempenho instável.
O setor de atacado registrou queda real de 7,09% nas vendas em junho ante igual período de 2016 – em maio, houve alta de quase 1%. No primeiro semestre, a queda real foi de 5,57%. Os dados não incluem números de grandes redes de atacarejo (que vendem também ao consumidor final) como Atacadão, do grupo Carrefour, e Assaí, do Grupo Pão de Açúcar.
“Tínhamos a expectativa de que os dados de junho se consolidassem em uma tendência para o segundo semestre. Contudo, [ainda] há motivos para acreditar na recuperação no segundo semestre, que é tradicionalmente mais forte para o comércio”, afirma em nota o presidente da Abad, Emerson Destro.
Semanas atrás, a Abad previa crescimento nominal de 2% a 2,5% para o setor no ano. Com o desempenho de junho, a entidade passou a estimar de estabilidade a queda de até 2,5% em 2017.
Fonte: Valor Econômico