O varejo vem apertando o cerco contra resíduos de defensivos nos alimentos, especialmente frutas, legumes e verduras, o que cada vez mais reforça a necessidade de aumento de investimentos e ações voltadas a boas práticas no campo. Este é o principal recado do novo levantamento do Programa de Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos (Rama), da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), divulgado nesta quinta-feira (29).
Lançada em 2011, a iniciativa, que conta com parceria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), monitora e rastreia anualmente cerca de um milhão de toneladas de frutas, legumes e verduras de 41 varejistas, que juntos representam cerca de 22% das vendas totais destes produtos no País.
De acordo com o mais recente balanço do programa – relativo ao primeiro semestre – verificou-se um índice de conformidade – uso do defensivo adequado para a cultura agrícola, e dentro dos limites aceitos pela legislação – de 73% das frutas, legumes e verduras analisadas, apresentando melhora em relação ao mesmo período do ano anterior.
Por outro lado, apenas 3% dos resultados ficaram acima do Limite Máximo de Resíduos (LMR), de acordo com os protocolos da Anvisa. “Neste cenário, o ingrediente ativo aplicado foi o correto para a cultura, mas houve alguma falha no respeito à carência ou à sua concentração”, afirmou Giampaolo Buso, diretor da Paripassu, empresa responsável pela infraestrutura técnica de monitoramento e rastreabilidade do Rama.
No mesmo levantamento, 21% das amostram resultaram em ingredientes ativos não autorizados para determinada cultura. “São nesses casos que estão focadas as ações de orientação técnica para a adoção das boas práticas agrícolas”, disse Márcio Milan, superintendente da Abras. De acordo com o dirigente, a proposta é justamente trabalhar junto com o produtor rural, e não penalizá-lo.
“Por isso, temos convênios com o Mapa, secretarias estaduais de agricultura no âmbito da assistência técnica e extensão rural, e estamos buscando costurar parcerias com entidades de classe do segmento de defensivos, a fim de dar ainda maior peso e abrangência ao programa.”