Dentro das lojas, os responsáveis por discriminação são geralmente os balconistas, gerentes de loja ou seguranças
Por Redação
Muito se tem falado a respeito do racismo estrutural, da necessidade de haver mais igualdade, entre outras questões relevantes, mas pouco tem sido feito na prática, dentro do varejo. Será que um lojista é capaz de saber, por exemplo, como o seu cliente negro se sente ao entrar na sua loja? Será que ele é tratado com o mesmo respeito e qualidade que os demais? Estas foram algumas das questões que a pesquisa Diversidade e Inclusão – o papel das marcas, realizada pela Shopper Experience – empresa que há mais de 12 anos lida com as experiências de consumo no varejo e outros segmentos, quis saber.
Até onde se tinha ideia antes desse levantamento, o que se sabia é que a população brasileira é composta por 50% de negros, conforme os dados do IBGE, mas apenas 5% deles ocupam os cargos gerenciais, segundo o Instituto Ethos. Ou seja, na prática, falta muito para que haja de fato uma inclusão mais corporativa, como a que se vê realizada por poucos varejistas, como por exemplo, o Magazine Luiza.
“Temos poucas informações, do ponto de vista do varejo, principalmente sobre discriminação. Por isso, dentro do estudo procuramos focar na questão da sensação dessa população e nas situações que eles já passaram para aprofundarmos mais esta questão dentro do varejo. E de cara, o que descobrimos é que 60% dos negros já sofreram alguma discriminação no varejo em geral”, afirma Valeria Rodrigues (foto ao lado), CEO da Shopper Experience, drante entrevista exclusiva para a SuperVarejo.
De acordo com ela, quando o recorte da pesquissa é feito especificamente para o setor de supermercados, 20% deles afirmam já ter sofrido algum tipo de preconceito e discriminação. No caso das lojas de vestuário, esse número sobe para 30%.
A pesquisa mostra também que dentro dos supermercados ou lojas de vestuário, os responsáveis pela discriminação são geralmente os balconistas e gerentes de loja (87%) ou os seguranças (58%).
“Portanto, do ponto de vista do varejo, o que vemos é que pode haver muita oportunidade para trabalhar com mais afinco no treinamento dos colaboradores que estão no ‘chão de loja’ para que atendam as pessoas negras de forma mais adequada. Hoje não dá mais para lidar com esse tipo de situação, tanto na sociedade quanto nos segmentos de varejo. As empresas deste setor têm um papel importante na orientação dos seus funcionários”, defende Valeria.
O levantamento também destaca o ranking dos setores mais preconceituosos dentro do varejo:
1º) Varejo de moda
2º) Varejo alimentar: com supermercados, lanchonetes e restaurantes
3º) Lojas de cosméticos
A pesquisa aponta inclusive que em termos de preconceito e discriminação, o varejo perde apenas para os transportes e lugares públicos, incluindo escolas e faculdades.
Como os negros se sentem em relação as marcas?
Apenas 26% dos negros se sentem representados pelas marcas, ou seja, três entre 10 pessoas veem essa representatividade nas propagandas. “E olha que caminhamos bastante apesar desse número ainda ser baixo. Inclusive três entre 10 negros deixaram de consumir algumas marcas ou frequentar algumas lojas por não se sentirem representados. Isso já significa um grande percentual de como essas pessoas respondem quando não veem os seus direitos respeitados. Portanto, as marcas também têm um grande trabalho pela frente”, alerta Valeria.
Nas redes sociais, 25% deles deixaram de seguir inclusive certas marcas por não sentirem essa representatividade esperada.
A pesquisa incluiu os surdos, cegos, cadeirantes, pessoas com locomoções diversas reduzidas, conforme a SuperVarejo chegou a divulgar aqui, além da comunidade LGBTQIA+, que será o nosso próximo tema.
Fonte: Super Varejo