Em painel sobre a transformação do Varejo, nesta quinta-feira (24/10), em São Paulo, Rodrigo Miranda, CEO da Zaitt, disse que o futuro do e-commerce é “óbvio e terá uma mistura de canais”. Ele participou do painel durante o evento Recorrência 2019. Com ele, estavam também os debatedores Daniella Mello, da ChefTime e Álvaro Englert, da Tag.
Miranda afirmou: “Temos que proporcionar uma grande experiência ao usuário. A gente vai ter que se adequar para entregar aquilo que o cliente quiser no final da compra, da melhor forma possível”.
Recorrência
A recorrência, ou economia da recorrência, é também conhecida como varejo de assinaturas. Ou seja, você paga por assinaturas de produtos e serviços e recebe todos os meses, de forma constante, com comodidade e sem preocupações.
Esse conforto recorrente é um tipo de venda do varejo brasileiro e do comércio eletrônico que cresce mais a cada dia, baseando o consumo em acesso, não em propriedade. Netflix é só um exemplo disso. Mas existem diversos outros, como assinar e receber produtos de beleza, roupas e vinhos todos os meses em casa.
Plataformas
A recorrência está presente, também, em plataformas que comercializam experiências, como a possibilidade de fazer aulas em academias diferentes, de bairros diferentes, todas as semanas. As aulas são feitas sem precisar pagar qualquer quantia para as academias e sem ser fidelizado por elas. Tudo é pago e intermediado pela plataforma.
Existem, ainda, assinaturas de produtos para lavar roupas, que chegam na sua casa em formato de cápsulas. Basta diluir o produto em água e usar nas suas roupas. Quem assina, recebe os produtos todos os meses. Tudo é feito por meio do e-commerce.
Transformação do varejo
Começar no modelo de recorrência, não foi fácil para Daniella Mello, CEO da ChefTime. A empresa dela entrega kits com ingredientes proporcionados para que o cliente possa fazer uma receita em casa. Nasceu com o desafio de criar um produto e um varejo digital.
“Hoje o canal digital de recorrência é muito maior que o e-commerce normal. A gente usa o e-commerce como isca para que o cliente passe a ser um assinante mensal. Foi super difícil construir as duas coisas ao mesmo tempo”, explicou Daniella.
Álvaro Englert, sócio-diretor da Tag, também comentou sobre o modelo de recorrência. Ele explicou que a empresa nasceu como um clube assinatura de livros, em 2014. Mesmo na contra-mão da tendência de quedas das vendas das livrarias.
“Em 2009 houve uma capa de revista com o escritor Paulo Coelho, que segurava um kindle na mão. A reportagem falava sobre ‘o último livro que você vai comprar’. 10 anos depois, a Tag já enviou mais de 1 milhão de livros físicos para o Brasil inteiro, para mais de 2500 cidades, afirma Álvaro.”
Ele explica que, para trabalhar com recorrência e engajar assinaturas, é preciso engajar a leitura. Mas isso vai muito além de uma nova capa para livros tradicionais. “Há também um esforço de comunidade, que a gente conheceu ao longo do tempo. Por causa da plataforma, já ocorreram mais de 1000 encontros presenciais de associados para discutir os nossos livros do mês no Brasil inteiro. A plataforma se transformou em uma comunidade literária”, afirmou Álvaro.
Se colocar no lugar do cliente
Álvaro é enfático ao dizer que “é preciso, cada vez mais, se colocar no lugar do cliente. E são poucas empresas que fazem isso de maneira genuína, de maneira próxima e relacional.”
Ele lembra que o mercado editorial se reinventou muito pouco. Coincidência ou não, as duas maiores varejistas do setor (Saraiva e Cultura) entraram em processo de recuperação judicial. O exemplo é para explicar que essas empresas não conseguiram se reinventar e agora estão sofrendo para acompanhar as mudanças de consumo.
Importância da recorrência
“A importância da recorrência para o Varejo no Brasil, onde estamos sendo impactados por grandes players como uma Amazon da vida, é gerar uma experiência positiva para o cliente. Não só para o cliente final, como também proporcionar para o lojista uma cadência nos seus recebimentos”, afirma Reginaldo Dutra, diretor comercial da Vindi, organizadora do Recorrência 2019.
Ele lembra que, com a recorrência, é possível ter uma previsibilidade maior de venda e de faturamento. “E acima de tudo, gerando uma experiência para o cliente. Eu acho que esse é o maior impacto da recorrência”, conclui Reginaldo.
Por Rafael Chinaglia, da redação do E-Commerce Brasil
Fonte: E-Commerce Brasil