Por Ricardo Ivanov | O valor do frete e o tempo de entrega era sempre um problema para o Norte do país – até que a pandemia deu um empurrãozinho para equacionar a questão. Nos últimos anos, apesar de a região corresponder a apenas 3,2% do volume de vendas do e-commerce no Brasil, segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), grandes varejistas passaram a ver no Pará um ponto estratégico de distribuição.
Relatórios da Webshopper que medem os rumos do setor mostram desde 2021 um expressivo crescimento em vendas da região comparado com as demais. Isso se refletiu na criação de novos centros de distribuição (CDs), hubs logísticos em grandes centros e centros de serviços (SVCs) de empresas como Shopee, Mercado Livre, FedEx e RaiaDrogasil.
“O modelo de negócios com marketplace e e-commerce com CDs muito distantes, que não conseguiam atender seus consumidores em um espaço de tempo razoável, ou seja, no mesmo dia ou em até 48 horas, e com custo absurdo, morreu. Hoje, eles só ficam de pé se estiverem perto de seus consumidores”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC). “O Pará, principalmente a capital Belém, tem uma grande população, e com renda. A maneira de atender essa demanda é estando lá, saindo de uma estratégia mais nacional e indo para uma mais regional”.
A Shopee instalou um hub logístico de última milha em Ananindeua, a 19 km de Belém, em 2023. Lá, recebe produtos de vendedores e os expede para consumidores de cidades do entorno, como Castanhal, Marituba, Benevides e Santa Izabel do Pará. “Queremos trazer com esse e outros hubs mais agilidade para nossas operações. São para atender pedidos de vendedores brasileiros, que representam mais de 90% das nossas vendas”, diz Rafael Flores, head de expansão logística da Shopee, que no resto do país tem nove CDs. O hub, que em tamanho corresponde ao de grandes centros, trouxe cerca de 250 empregos diretos e indiretos para a região.
A FedEx já havia percebido desde 2012 a oportunidade de oferecer serviços de transporte doméstico e logística em Belém. Em março de 2023, identificou a necessidade de ampliar sua estrutura no Pará, com um novo centro de distribuição de 8.500 m2. A empresa tem 200 colaboradores. O pátio da unidade tem 10 mil m2, para apoio a um maior fluxo de carretas. Luiz Paulo da Costa Rodrigues, diretor de operações da regional Norte da FedEx, diz que o veículo é essencial para uma especificidade da região, que é o transporte fluvial para atender mais de 80 municípios. “As carretas são movidas em balsas pelo rio Amazonas, diariamente, de acordo com o horário da maré, entre Belém, Manaus, Macapá e Santarém”, afirma. Quando as cidades só têm acesso por água, os pacotes são despachados em barcos.
Fonte: Valor Econômico