Seis varejistas dos EUA, incluindo lojas da Walt Disney e a marca de roupas Aeropostale, fizeram um acordo com a Justiça americana pelo qual concordaram em alterar o modelo de escala com jornadas flexíveis no qual os funcionários não conseguem saber com antecedência quando terão de trabalhar.
A medida vale para os trabalhadores nos Estados Unidos e visa a resolver uma investigação em nove Estados sobre abusos na prática, que comprometem o planejamento da famílias. Segundo Eric Schneiderman, procurador-geral de Nova York que liderou a investigação, a mudança vai beneficiar cerca de 50 mil pessoas em todo o país.
Nesse tipo de escala, o funcionário precisa ligar para a empresa para descobrir quando vai trabalhar e é pago naquele mesmo dia. A falta de rotina compromete, especialmente, quem precisa encontrar alguém para deixar os filhos. “As pessoas não deveriam ter de manter o dia em aberto, encontrar quem cuide dos filhos, e abrir mão de outras oportunidades sem serem compensadas pelo seu tempo”, ressaltou Schneiderman.
As varejistas a Carter’s (de roupas infantis), Pacific Sunwear of California (de roupas para jovens), Zumiez (de roupas e artigos esportivos) e DavidsTea (que comercializa chás e acessórios para o consumo da bebida), incluindo as lojas da Walt Disney e a marca de roupas Aeropostale estão entre as 15 empresas que receberam uma carta conjunta dos procuradores-gerais. Disney, Carter’s, Davids Tea e Zumiez concordaram em fornecer aos funcionários a escala de trabalho com pelo menos uma semana de antecedência, informou o comunicado.
As outras nove — American Eagle, Payless, Coach, Forever 21, Vans, Justice Just for Girls, BCBG Maxazria, Tilly’s e Uniqlo — alegam que não usam ou deixaram de utilizar recentemente o tipo de escala em questão.
O acordo vai ampliar um pacto similar alcançado dentro da mesma investigação em 2015 entre procuradores-gerais dos Estados e varejistas, entre as quais estão Abercrombie & Fitch, Gap, J.Crew Group, Urban Outfitters, Pier 1 Imports e L Brands — dona de Bath & Body Works e Victoria’s Secret —, segundo comunicado.
Elizabeth Falcon, uma organizadora do grupo Jobs With Justice (empregos com Justiça), que está pressionando por propostas que extinguam as escalas não definidas, disse que os acordos mostram que as varejistas têm meios de dar aos funcionários horários mais previsíveis.
Em 2014, após uma longa matéria do jornal “The New York Times”, que relatou as dificuldades de funcionários de várias redes varejistas diante dos sistemas de turnos de trabalho rotativo, a Starbucks anunciou que iria rever o modelo de trabalho nas cafeterias para dar mais previsibilidade aos empregados. No texto, o diário americano mostrava que a jornada flutuante comprometia não só o planejamento de horários, mas também o financeiro. Isso porque o ganho mensal varia, uma vez que o pagamento é feito por hora trabalhada, o que depende apenas do empregador.