Americanas interrompe contratos, mas nega processo de demissão
Por Paula Martini e Alessandra Saraiva
Em recuperação judicial desde 19 de janeiro, com dívida superior a R$ 40 bilhões, a Americanas interrompeu contratos com responsáveis por fornecer serviços terceirizados. A informação foi confirmada pela própria empresa, em nota enviada nesta terça-feira. No mesmo comunicado, a companhia negou ter dado início a um processo de demissão de funcionários.
“A Americanas informa que não iniciou nenhum processo de demissão de funcionários. A companhia apenas interrompeu alguns contratos de empresas fornecedoras de serviços terceirizados”, diz trecho da nota.
Fontes que acompanham as movimentações relataram ao Valor que a quebra dos contratos já provocou demissões entre os fornecedores. Sem receber, eles teriam começado a dispensar funcionários nos últimos dias.
Segundo reportagem do jornal ‘Folha de S. Paulo’, a Americanas iniciou os cortes por funcionários terceirizados da sede, no Rio de Janeiro, e aqueles com menos de um ano de casa em praças com menos pontos de venda, como Porto Alegre (RS). Em um segundo momento as demissões afetariam os contratados em regime CLT e de outras localidades, de acordo com o jornal.
Segundo o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Porto Alegre, Nilton Neco Souza da Silva, a entidade foi procurada nesta terça-feira por um funcionário de loja que foi demitido sem garantia de indenização trabalhista. “Ele nos procurou dizendo que a empresa não vai pagar a rescisão e orientou que ele busque os direitos na justiça”, afirmou da Silva.
Segundo Silva, o clima é de apreensão pois a empresa não dá informações sobre demissões e fechamento de lojas na capital gaúcha. “Está todo mundo tenso e preocupado”, disse ele. Nesta quarta, está prevista uma reunião entre os representantes da categoria e o sindicato patronal de Porto Alegre. Equipes do sindicato também fazem visitas de loja em loja para monitorar a situação. Sehundo a entidade, a Americanas tem 15 lojas e 290 funcionários contratados por CLT em Porto Alegre.
No Rio, o Sindicato dos Comerciários disse que não tem informações sobre demissões, e que está percorrendo as lojas físicas para conversar com os trabalhadores.
Oficialmente, a Americanas disse que atua na condução do seu processo de recuperação judicial, “cujo um dos objetivos é garantir a continuidade das atividades da empresa, incluindo o pagamento dos salários e benefícios de seus funcionários em dia”. E que o plano de recuperação “será amplamente divulgado assim que for finalizado.”
Na segunda-feira (30) a varejista pediu à Justiça que as distribuidoras Light e Enel São Paulo continuem fornecendo energia elétrica a qualquer estabelecimento do grupo. A Americanas soma mais de 40 mil colaboradores em todos os Estados do país. Tem 3,6 mil lojas, sendo 1,7 mil da Lojas Americanas.
Fonte: Valor Econômico