Por Ana Luiza de Carvalho |
A fabricante e varejista de calçados Usaflex estima alcançar faturamento de R$ 650 milhões ao final deste ano, o que representaria alta de 25% em relação à receita de 2022. O plano é ampliar em 24% a rede atual de lojas franqueadas, atrair consumidoras jovens com modelos mais modernos e em cinco anos fincar bandeira em cem países.
A Usaflex possui 283 lojas, todas no modelo de franquia, e espera chegar ao número de 350 unidades no final de 2023.
Dados da Associação Brasileira de Franchising (ABF) enviados ao Valor mostram que o mercado de calçados contava com 4.616 lojas no país ao final do primeiro trimestre de 2023, alta de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Já o número de marcas cresceu 14% no comparativo anual, para 41. A ABF não divulgou dados referentes ao faturamento.
Atualmente, a Usaflex opera trinta lojas fora do país, distribuídas em países da América do Sul como Equador e Colômbia, além de lojas na Europa e no Oriente Médio. A meta da Usaflex é alcançar cem lojas no mercado internacional nos próximos cinco anos.
A produção da Usaflex é centrada em uma fábrica na cidade de Igrejinha, no Rio Grande do Sul, com capacidade de produção diária de 25 mil pares de calçados. A companhia foi fundada há 25 anos por Juersi Lauck, atual presidente do conselho de administração. Desde 1978 o empresário atua no ramo de calçados, inspirado por um tio que produzia sapatos de forma artesanal em Igrejinha.
A ideia de criar a Usaflex surgiu após uma viagem a Milão, na Itália, em que o grande movimento em uma loja de calçados focados em conforto chamou a atenção do empresário. Já havia na empresa a discussão sobre conforto versus beleza do sapato. A modelista, à época, achou os sapatos muito feios e expressou preocupação quanto ao impacto deles na sua carreira. Depois do impasse, ela acabou saindo da companhia.
O portfólio vem passando por mudanças. O desafio é produzir calçados confortáveis e bonitos, com foco no couro. Agora, a Usaflex também comercializa scarpins, sapatilhas, sandálias no modelo anabela e tamancos, entre outros modelos, em uma paleta de cores mais vívidas e diversas.
Bocayúva afirma que, após a aquisição da empresa pelo fundo de private equity Axxon em 2016, a remodelagem de portfólio se intensificou e, hoje, a Usaflex já atinge “parcela relevante” de consumidoras na faixa etária dos 35 anos. Mulheres acima dos 50 anos representam 75% das vendas.
Na visão de Bocayúva, o foco da Usaflex nas operações de varejo também é um diferencial. Ele afirma que a indústria calçadista normalmente é “muito focada em si”, caminho que a empresa evitou ao investir no modelo de franquias. Antes, cerca de 80% das vendas eram realizadas em lojas multimarcas, patamar que caiu para menos de 50%.
No último ano, as vendas nas “mesmas lojas” (abertas há pelo menos um ano) avançaram 20% em valor, enquanto o crescimento do volume ficou entre 10% e 15%. De acordo com Bocayuva, o crescimento de preços ocorreu devido a uma correção inflacionária.
A Usaflex também faz vendas on-line, canal que equivale a 10% do comercializado pela companhia.
A Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) estima que as vendas do setor cresçam 2,1% neste ano, para cerca de 865 milhões de pares. As projeções foram atualizadas há poucos dias, refletindo a melhora das expectativas para o mercado brasileiro, segundo a entidade. A previsão anterior de crescimento da Abicalçados era de 1,7%. Esta também é a análise de Bocayuva, que afirma perspectivas macroeconômicas “positivas”.
Fonte: Valor Econômico
