Todos os dias o empresário Romeu Trussardi Neto, sócio-fundador da varejista de produtos de cama, mesa, banho e decoração Trousseau, se faz uma pergunta recorrente: qual o caminho para sua marca se tornar conhecida nos Estados Unidos? O primeiro passo para encarar esse desafio será dado em 1º de maio, quando será iniciada uma operação de comércio eletrônico voltada especialmente para o mercado americano. Foram seis meses de gestação e um investimento de R$ 2,5 milhões.
Dos quase 10 mil itens comercializados no Brasil, o site de vendas para os EUA terá um sortimento menor: 2,5 mil. Mas será uma amostra do portfólio da empresa, que hoje quer ser referência no segmento de “lifestyle” e não só na categoria de cama, mesa e banho.
“As lojas de cama, mesa e banho estão desaparecendo no mundo. É um conceito antigo”, diz Trussardi Neto, que visa entre seu público potencial até brasileiros que compram fora, uma vez que os preços serão, em média, 20% mais baixos do que os praticados aqui.
Neste momento, todo o foco da empresa está concentrado na ida para os EUA. “É o nosso balão de ensaio. Montamos uma estrutura que poderá ser aplicada em qualquer mercado”, diz o fundador.
Hoje a Trousseau tem 20 lojas próprias no Brasil, em São Paulo, Rio, Minas e Brasília. Com parceiros locais opera lojas no Peru, Paraguai, Uruguai e abrirá na Argentina no fim de 2018. Ao todo são oito lojas na América do Sul.
A grife está presente também em 35 multimarcas, negócio comandado por seu irmão Rodrigo. Há ainda um modelo de negócio mais recente, criado em 2016, a Exclusivité Trousseau, que está em Cuiabá, Curitiba, Salvador e Recife. Não são franqueados, mas parceiros locais. “Não gosto da ideia de franquias, queremos conhecer o operador para que tudo seja controlado”, explica Trussardi.
A Trousseau (nome que significa enxoval em francês) foi criada por Romeu e sua mulher, Adriana, em 1991. Era o ingresso no varejo da família Trussardi, presente no ramo têxtil desde 1898. Durante anos, a Trousseau vendeu produtos fabricados pela Trussardi, mais tarde comprada pela Karsten. De 2007 para cá a Trousseau deixou de ser apenas varejo para se tornar também indústria.
Embora tenha diversificado para acessórios de decoração, o segmento de cama e banho ainda é o carro-chefe da empresa. Para sua produção todas as máquinas e 100% dos tecidos utilizados são importados.
O empresário não fala em faturamento e diz que sobreviveu à crise renegociando contratos de aluguel, preços de fornecedores, serviços e oferecendo prazos maiores para pagamento. Só a loja do shopping Fashion Mall, no Rio, foi fechada. “Reduzimos as margens, mas não comprometemos a saúde da empresa. Uma das áreas que mais cresceu foi a voltada à hotelaria”, diz ele.
A empresa tem 260 funcionários, um atelier próprio com 50 costureiras e mais 100 terceirizadas exclusivas. O item mais barato é uma vela (R$ 60) e o mais caro, um jogo de lençol de algodão egípcio que custa R$ 12 mil.
Fonte: Valor Econômico