O presidente do Carrefour Brasil, Noël Prioux, disse nesta manhã, em teleconferência com analistas, que o primeiro trimestre foi “atípico e peculiar”, por conta do avanço da pandemia do covid-19 no país, e seus efeitos sobre o mercado. Segundo a empresa, os planos de investimentos do ano estão mantidos e, na área de crédito ao cliente, há liquidez para enfrentar a crise atual.
Nesta manhã, analistas da XP e do Credit Suisse ressaltaram em relatórios que o desempenho da empresa ficou abaixo do esperado para alguns indicadores publicados na noite de ontem, como margem bruta, enquanto verificou bom avanço no braço de vendas on-line. O banco Safra entendeu que houve execução sólida, sem provável efeito dos resultados no preço da ação hoje. O papel é a segunda maior queda da bolsa nesta manhã.
O presidente do Atacadão, Jose Roberto Meister Müssnich, disse que a empresa continua a avançar com o projeto de 20 aberturas no ano — e deve concluir no segundo semestre a compra do Makro — apesar do cenário atual que afetou as atividades de prefeituras pelo país. Varejistas precisam obter licenças dos municípios para abrir lojas. Até abril, a rede inaugurou quatro unidades.
Sobre a demanda, a companhia disse que a venda de alimentos no primeiro trimestre foi a mais alta dos últimos cinco anos, frente o maior consumo de clientes. E as vendas “mesmas lojas” (pontos em operação há mais de 12 meses) na segunda quinzena de março subiram 26,3%.
O Carrefour ainda ressaltou o anúncio de congelamento de preços de 200 itens de marca própria por 60 dias, que foi informado pela rede no começo de abril, portanto, ainda válido.
A empresa informou ainda que apesar da queda verificada na demanda em clientes pessoas jurídicas, por conta do fechamento de negócios após a quarentena, a retração “foi mais que compensada” pela venda a pessoa física, disse o presidente do Atacadão.
O executivo ainda afirmou que não houve “ressaca” nas vendas após pico da demanda em março. “Não há ressaca em abril ou maio”, disse.
Müssnich ainda afirmou que há pressão de aumento de preço da indústria por causa de dólar, mas que a empresa está “firme para manter a competitividade do negócio” e buscando evitar repasses aos clientes.
Resultados
O Grupo Carrefour Brasil teve lucro líquido atribuído a acionistas de R$ 363 milhões no primeiro trimestre, o que representa uma queda de 18% ante o mesmo período de 2019.
A receita da companhia cresceu 13%, chegando a R$ 15,38 bilhões, e o resultado bruto avançou 8,8%, para R$ 3,12 bilhões.
O resultado operacional, antes do financeiro e dos tributos, ficou praticamente estável, avançando 0,4%, para R$ 843 milhões.
Na linha financeira, houve piora. O resultado financeiro líquido ficou negativo em R$ 176 milhões, acima do prejuízo financeiro de R$ 117 milhões apurado um ano antes, devido ao aumento das despesas no período.