Em meio à pandemia, que derrubou os resultados do comércio no Brasil, o Magazine Luiza teve prejuízo de R$ 64,5 milhões de abril a junho, versus lucro líquido de quase R$ 387 milhões um ano antes, informou em balanço publicado na noite de ontem. Apesar da piora, a empresa diz que, com a reabertura das lojas após maio, as vendas retomaram a força e o grupo voltou ao lucro em junho (R$ 93 milhões). Ainda afirmou que se tornou, no trimestre, na maior varejista de venda on-line do país.
Ao se considerar a venda de lojas, site, aplicativo e “marketplace” (shopping virtual, que hospeda produtos vendidos por terceiros), o Magazine vendeu R$ 8,56 bilhões no segundo trimestre, alta de 49,1%. São quase R$ 3 bilhões a mais que o ano anterior.
O braço digital (venda própria e marketplace) avançou 182%, alcançando 78,5% das vendas totais – representava 41% há um ano.
“Não sentimos desaceleração no comércio eletrônico com a reabertura das lojas físicas no segundo trimestre e agosto caminha de forma muito parecida. Entendemos que mesmo numa pandemia, podemos ter um ano muito bom e eu não sou de vender falso otimismo. Há razões que sustentam nossa expectativa”, disse ontem Frederico Trajano.
Segundo ele, o benefício social dos R$ 600, que aumentou o volume de recursos no mercado, e o processo de consolidação do setor, com redes fechando lojas ou reduzindo operações, tem levado a empresa a ganhar mercado. “Temos uma preocupação que é o fim do ‘coronavoucher’, ninguém sabe como vai ser depois, mas é algo a ver no ano que vem. E acho difícil que o governo acabe com isso de uma hora para outra”.
Ao mencionar a citada liderança, a empresa não menciona concorrentes no relatório, mas os dados são públicos. Para efeito de comparação, na operação digital, o Magazine superou Via Varejo e B2W. Se as vendas totais somaram R$ 8,5 bilhões no Magazine, na Via Varejo alcançaram R$ 7,2 bilhoes, alta de 0,5%. Na B2W, com R$ 6,7 bilhões, a elevação foi de 72%, apesar do número absoluto menor.
Até março, a Via Varejo superava o Magazine Luiza em R$ 100 milhões (R$ 7,8 bilhões nas vendas on-line totais, versus R$ 7,7 bilhões do Magazine de janeiro a março). Ao mencionar a sua liderança, o Magazine não levou em conta o Mercado Livre, e perguntado a respeito, a empresa diz que o Mercado Livre inclui a venda de pessoas físicas para pessoas físicas, que outras empresas no país não operam.
Em receita líquida, o Magazine apurou alta de 29,3%, para R$ 5,56 bilhões no segundo trimestre. Na Via Varejo, dona de Casas Bahia e Ponto Frio, a receita atingiu R$ 5,28 bilhões de abril a junho, queda de 12,4%. Na B2W, o montante subiu 64,7%, para R$ 2,43 bilhões, mas a B2W não tem lojas físicas como Magazine e Via Varejo.
Segundo balanço publicado ontem, as lojas do Magazine, fechadas em boa parte do segundo trimestre, tiveram queda nas vendas de 45,1% no período. As vendas “mesmas lojas” (em operação há mais de um ano) caíram 51%. A empresa explica que as lojas que abriram após o retorno do comércio cresceram 25%, quando considerados os critérios de “mesmas lojas” e em relação ao mesmo período de 2019.
Para mostrar o ritmo de melhoria, a empresa divulgou dados de junho e julho. Em junho, quando 64% das lojas estavam abertas, o crescimento total das vendas foi de 85%. Em julho, as vendas totais aumentaram 82%.
A margem bruta (não ajustada) no segundo trimestre cresceu para 25,8%, versus 25,4% um ano antes. Em junho, esse índice subiu para 28%. A título de comparação, na Via Varejo, ficou em 30,7%, versus 28% um ano antes.
Trajano mencionou que um aspecto negativo no segundo trimestre foi a perda no nível de serviço, com o aumento da demanda no período. A empresa deve contratar 2,5 mil pessoas, parte para canais de atendimento, para recuperar essa queda.
Fonte: Valor Econômico