No acumulado de 2020, até setembro, a perda líquida de R$ 50 milhões, relatada na minuta do prospecto apresentado na terça (20), é a maior para os últimos dez anos
A Tok&Stok busca a abertura de capital dentro da tese de que, por meio do crescimento orgânico, após oferta de ações, pode ser uma consolidadora do mercado de móveis e decoração, altamente fragmentado no país. Pelos números divulgados, nos últimos anos essa expansão que o grupo menciona, no entanto, tem sido na faixa de um dígito, 8% ao ano desde 2017, e a oferta pública inicial de ações (IPO, da sigla em inglês) deve ocorrer com a empresa no vermelho, após ter sido afetada pela atual crise que fechou lojas.
No acumulado de 2020, até setembro, a perda líquida de R$ 50 milhões, relatada na minuta do prospecto apresentado ontem, é a maior para o período nos últimos dez anos, segundo demonstrações da empresa desde 2010, arquivadas na CVM e no “Diário Oficial”.
Falando em receita, cálculo do Valor Data mostra que, de 2017 a 2019, o crescimento real ao ano (descontada a inflação pelo IPCA) foi de 4,18%. Em 2020, com a pandemia, a receita líquida foi de R$ 670 milhões, queda de 23% sobre o ano anterior.
Ainda em termos operacionais, reduções de custo e maior eficiência, algo que ganhou força após a entrada da gestora Carlyle no negócios, atual sócia controladora, fez as margens crescerem, com o índice Ebitda (lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação) passando de 3% para 12% entre 2017 e 2018 e atingindo 16% em 2019, até cair para 6% no acumulado até setembro, por conta dos efeitos da pandemia.
Na minuta do prospecto, a empresa fala numa “performance financeira sólida e em crescimento” nos últimos anos. Ainda menciona os ganhos após o avanço do braço digital na empresa (de 5% das vendas em 2017 para 24% em setembro) e fala em “aquisições oportunistas” com parte dos recursos do IPO. Ressalta ao mercado o potencial de crescimento da companhia num setor altamente pulverizado, com alta barreira de entrada para importadores, por exemplo.
Apesar de mencionar que 40% do capital deve ir para expansão e “melhora de experiência do consumidor”, ainda não há detalhamento, no documento, sobre foco das aberturas ou estimativa de inaugurações — são 59 lojas e eram 55 há três anos. A empresa fará oferta primária e secundária de ações.
Fonte: Valor Econômico