Inspirados na fórmula de sucesso da gigante chinesa do comércio eletrônico, B2W, Cnova, Dafiti e Netshoes apostam no modelo de shoppings virtuais
Fundado em 1999, pelo empreendedor chinês Jack Ma, o Alibaba tem um histórico de números grandiosos, que atingiu seu ápice em 2014, quando a companhia captou US$ 25 bilhões na Bolsa de Nova York, a maior abertura de capital da história. Um indicador, em especial, chamou a atenção de Wall Street: a margem líquida da operação, bem acima da média do comércio eletrônico. Em 2015, esse índice foi de 36,1%, contra 3,1%, por exemplo, da poderosa Amazon. Na prática, para cada US$ 1 em vendas, o site chinês ganha US$ 0,36, enquanto a empresa de Jeff Bezos lucra apenas US$ 0,03.
O segredo do Alibaba é o chamado e-marketplace, espécie de shopping virtual, no qual a empresa atua como uma intermediária. Seus sites conectam centenas de varejistas a mais de 400 milhões de consumidores. As receitas vêm das taxas cobradas para que essas companhias divulguem seus produtos nesse amplo e variado bazar digital. “O Alibaba já provou que se ganha mais dinheiro sendo um shopping, e não uma loja virtual”, diz Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo.
Essa fórmula de sucesso consagrada pelo Alibaba está ganhando corpo entre os grandes varejistas virtuais no Brasil, acostumados a operar no vermelho. A Cnova, operação de comércio eletrônico do grupo Pão de Açúcar, e a B2W, dona das marcas Submarino e Americanas.com, investem nesse filão desde 2013. Em dezembro, foi a vez da varejista de moda Dafiti. A mais recente a apostar nos e-marketplaces é o site de artigos esportivos Netshoes, do empreendedor Marcio Kumruian. “Além de ampliar nossa gama de produtos, o marketplace tem uma equação financeira mais interessante, pois o capital de giro é muito menor”, diz Leonardo Dib, diretor financeiro da Netshoes.
“Mas nosso negócio principal tem que se sustentar por si só. Todas essas iniciativas adicionais só vão turbinar uma rentabilidade que já conquistamos.” A consultoria e-bit estima que os e-marketplaces já representam 15% do faturamento do comércio eletrônico do Brasil, que movimentou R$ 41,3 bilhões em 2016. “Essa vertente tem potencial de chegar a uma fatia de 20% a 25% no fim de 2016”, diz André Ricardo Dias, diretor-executivo do e-bit. Mas ele aponta um desafio. “O formato não é muito explícito para o consumidor, por isso as grandes varejistas precisam ser cuidadosas na escolha dos parceiros para que a sua credibilidade não seja impactada.”
Foi justamente a estratégia da Dafiti, que lançou seu shopping virtual em dezembro. O sócio-fundador da empresa, Malte Horeyseck, diz que a escolha foi estrear com um número reduzido de parceiros, para ter um controle mais apurado nos testes iniciais nesse formato. “Levamos cinco anos para construir nossa marca. Nesse momento, o foco é garantir a qualidade dessa operação”, afirma. Apesar de salientar o modelo mais equilibrado dos e-marketplaces, o empreendedor diz que ainda apostará pesado na loja virtual. “O e-commerce de moda tem uma penetração de apenas 5% no Brasil”, afirma. “Ainda temos muito espaço para conquistar.”