A pandemia do novo coronavírus acelerou a digitalização dos meios de pagamento. Sem a possibilidade de ir até uma loja física, os consumidores e empresários passaram a experimentar links de pagamento digitais e ferramentas de e-commerce.
O presidente da Cielo, Paulo Caffarelli, afirmou que seis milhões de clientes da empresa já utilizam meios de pagamentos digitais para fazer compras. Esse número foi acelerado pela pandemia, trazendo para 2020 uma realidade que estava prevista para 2025. De acordo com Caffarelli, a chave para a Cielo continuar relevante nesse cenário de transformação digital acelerada é oferecer soluções que atendam aos desejos dos clientes dos seus clientes.
Para o presidente, a rede social chinesa TikTok e o jogo americano Fortnite, da Epic Games, são dois fenômenos que precisam ser acompanhados de perto pelo fato de terem conseguido conquistar uma legião de fãs em pouco tempo.
“Entender o consumidor final e o que ele quer nos ajuda a trabalhar com o varejo da forma certa”, disse o executivo. Para ele, a indústria de meios de pagamento precisa estar atenta às mudanças de comportamento para conseguir antecipar soluções que se adequem às novas necessidades dos clientes.
Visão para o futuro
A Cielo aposta que o futuro dos pagamentos no varejo será um modelo híbrido entre os métodos tradicionais físicos e os digitais. Soluções como os links de pagamento, que já existiam antes da pandemia, passaram a ser usadas agora por necessidade. A empresa acredita que com a retomada do comércio presencial, a tendência é que os varejistas incorporem a tecnologia no dia a dia dos seus negócios.
Essas mudanças nos meios de pagamento podem ser ainda mais aceleradas com a chegada da tecnologia de quinta geração de internet móvel, o 5G. “Acredito que, em um curto espaço de tempo, chegaremos lá”, diz Caffarelli.
A longo prazo, o executivo acredita em uma mudança mais profunda dos pagamentos, com o fim do ponto de venda como conhecemos hoje. Um passo que a Cielo dá em direção a esse futuro é a parceria com o Facebook para oferecer o WhatsApp Pay, que permitirá aos brasileiros enviar dinheiro e realizar pagamentos usando a infraestrutura da rede social, como acontece com o WeChat na China hoje.
Mas isso será o fim do dinheiro de papel? Caffarelli acha que não. Em momentos de crise, como a pandemia, as pessoas tendem a usar mais papel moeda — no Brasil, o pagamento do auxílio emergencial pelo governo favoreceu essa tendência.
Para o executivo, enquanto houver uma grande informalidade na economia nacional, será impossível falar sobre o fim do dinheiro em espécie no Brasil. “É preciso se envolver com o governo para tentar resolver essa questão do ecossistema antes de tentarmos aumentar a participação dos pagamentos digitais”, afirma Caffarelli.
Fonte: Exame