O presidente da varejista de materiais de construção Telhanorte, Juliano Ohta, disse nesta quarta-feira que elevou em 5% a 10% as compras da indústria antes da quarentena decretada na terceira semana de março e, depois disso, vem comprando 30% do volume normal (em parte, de atacadistas) para formar estoque na rede.
Isso ocorre não por conta de uma eventual projeção de pico de vendas nas próximas semanas, mas porque a empresa teme que a indústria demore mais a voltar a produzir normalmente.
Neste momento, a rede diz que opera com parte das lojas abertas. No fim de março, a Anamaco e a Abramat, associações do setor de material de construção, pediram aos governos federal e estadual que incluíssem o setor na lista de serviços essenciais. Mas isso teve inicialmente rejeição por parte de alguns prefeitos.
“Inicialmente, estava meio confuso se as lojas do setor ficariam abertas ou não, e no fim estamos com algumas abertas, que podem atender um raio maior. Antes da quarentena, no dia 20 de março, compramos de 5% a 10% a mais para reforçar estoque e, depois disso, temos comprado 30% do volume normal, em parte de algum estoque da indústria e do atacado”, disse ele durante “live” com empresas do varejo. Segundo o executivo, a indústria parou a produção, mas tem volume de mercadorias paradas que já vêm sendo vendidas ao setor.
“O desafio é saber quando a indústria volta. Eles falam em dez dias, o que acaba dando no fim da quarentena anunciada em algumas capitais, e achamos que a ruptura está sob controle. Mas temos um desafio de conseguir ler isso ainda nos próximos dias”, disse.
Sobre essa questão de o setor alegar que é serviço essencial para manter lojas abertas, algo que chegou a ser questionado por prefeitos e governadores, Ohta disse que, como as pessoas estão isoladas em casa, podem ter mais problemas domésticos, como “encanamento quebrado”. Mas admitiu que há produtos vendidos pelas empresas que não são considerados mercadorias para uma venda fundamental à população neste momento.
Fonte: Valor Econômico