Por Lucianne Carneiro | A taxa de juros alta explica a perda de fôlego do comércio no país, segundo análise do gerente da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), Cristiano Santos. O volume de vendas no varejo restrito caiu 0,2% no segundo trimestre de 2023, ante os três meses anteriores, segundo os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (9). No primeiro trimestre, o setor tinha registrado alta de 1,9%.
Santos classifica o recuo de 0,2% como estabilidade e ressalta que, ao longo do primeiro semestre de 2023, o varejo não teve variações expressivas, com exceção de janeiro, quando subiu 4,1%. Em sua avaliação, a manutenção dos juros em patamar elevado por mais tempo teve impacto mais intenso nas vendas do varejo no segundo trimestre.
“[Taxa de] -0,2% é uma margem de estabilidade, mas é uma estabilidade que vem mais de longo prazo, já vem de algum tempo. Se olhar a série do semestre inteiro, mês a mês, tem só um ponto de crescimento mais forte, em janeiro [4,1%]. E depois fica mais ou menos estável até junho. A melhor leitura do semestre é isolar um pouco o mês de janeiro do resto. Se comparar o patamar de junho com janeiro, é de -0,4%, perto da estabilidade”, afirmou.
Ao ser questionado sobre as razões para a desaceleração do varejo de um crescimento de 1,9% no primeiro trimestre para um recuo de 0,2% no segundo trimestre, Santos citou a taxa de juros alta.
“A principal explicação da economia [para a perda de fôlego] são taxas de juros altas, [dificuldade de] acesso ao crédito. Isso tem segurado esse crescimento nos últimos meses”, disse.
O gerente do IBGE citou, ainda, o fechamento de lojas físicas por grandes redes de varejo pelo que ele chama de “questões contábeis”, sem citar especificamente o caso das Lojas Americanas. Isso afetou as vendas no segmento de outros artigos de uso pessoal e doméstico.
Fonte: Valor Econômico