Aníbal Tacla fala sobre os investimentos da companhia, traz um balanço de 2020 e está otimista para o próximo ano
Com de mais de 80 anos de história, o Grupo Tacla Shopping é uma das maiores companhias de shopping centers do país. Apesar de 2020 ter sido bem difícil, a empresa deu continuidade às obras de três novos greenfields. Com isso, terá 11 empreendimentos em seu portfólio, distribuídos nos estados do Paraná, Santa Catarina e São Paulo.
O diretor do Grupo Tacla Shopping, Aníbal Tacla, conta sobre a importância desses investimentos e o quanto devem movimentar as regiões em que estão localizados. O Palladium Umuarama é um marco de sustentabilidade do setor e será inaugurado já em 2021. Aliás, a expectativa é de otimismo para os próximos meses. Desde o início da pandemia, o Grupo Tacla também se empenhou em ajudar os lojistas e manter os empregos, o que só comprova que a forma como conduzem os negócios é um exemplo a ser seguido.
Revista Shopping Centers – Em um ano totalmente desafiador, o que ficou de aprendizado para o Grupo Tacla Shopping?
Aníbal Tacla – Acredito que o aprendizado não tenha sido apenas para o Grupo Tacla, mas também para todos os empresários de qualquer segmento. Foi desafiador até no âmbito pessoal para todos os brasileiros. No Grupo Tacla, precisamos nos adaptar, sermos criativos e nos reinventar. Já estamos avaliando que as ações que foram criativas e funcionaram de forma positiva serão aplicadas mesmo depois que tudo passar.
RSC – Fale um pouco sobre os novos empreendimentos e explique por que decidiram seguir com o planejamento das obras mesmo com a crise.
AT – Sim, demos sequência a todas as obras que já estavam iniciadas e começamos um novo empreendimento em Ponta Grossa (PR). Por conta da construção civil ser um serviço essencial, optamos por manter o planejamento para cumprir os cronogramas. Obviamente, tivemos precauções a serem seguidas e mais cuidados, mas com o apoio de todos os colaboradores estamos cumprindo tudo com tranquilidade.
Também estamos com as obras em andamento do City Center, em Campo Largo (PR) – um outlet que fica numa região estratégica do Paraná. Vamos seguir o conceito americano, como fizemos no projeto de sucesso em Porto Belo (SC). Está localizado às margens da rodovia BR-277 e é a principal conexão com todo o interior do estado do Paraná, onde circulam mais de um milhão de veículos por mês. Além disso, vamos atender mais de 30 cidades com grande potencial de consumo em torno do empreendimento. Com 74 mil m² de área construída, o City Center será um dos maiores outlets do Brasil.
Em Ponta Grossa (PR), iniciamos as obras recentemente do Plaza Shopping Campos Gerais. Esse projeto deve ter mais de dez lojas âncoras e 220 lojas satélites, contando ainda com mais de 1.500 vagas de estacionamento em uma área construída de 76 mil m² e 30 mil m² de ABL.
RSC – Qual é a expectativa com esses novos empreendimentos e quando estão previstas as inaugurações?
AT – O Palladium Umuarama está previsto para abril de 2021, o City Center para 2022 e o Plaza Shopping Campos Gerais para 2023. Fizemos há alguns anos diversos estudos para iniciar novos empreendimentos e observamos alta demanda nessas regiões. A expectativa é de empreendimentos de grande sucesso com projetos modernos e sustentáveis. Eles vão garantir geração de empregos, melhorar a economia de todas regiões, proporcionar excelente experiência de compras dos consumidores e, obviamente, ampliar o portfólio do Grupo Tacla.
RSC – O Palladium Umuarama já é uma referência em sustentabilidade antes mesmo de ser inaugurado. Qual foi o investimento feito para a geração de energia limpa?
AT – Investimos R$ 5,2 milhões em tecnologia sustentável. Ele terá 100% da energia consumida pelas áreas comuns abastecida por um dos maiores sistemas de placas fotovoltaicas do setor de varejo no país, com mais de 3.200 módulos. O sistema de energia solar do Palladium Umuarama evitará a emissão de aproximadamente 1.270 toneladas de CO2 – ou seja, o equivalente ao plantio de 7.800 árvores por ano. Além disso, teremos mais de 600 árvores de 50 espécies por todo o shopping, o que ajudará o meio ambiente e será referência em paisagismo e bem-estar.
Projeto do Palladium Umuarama
RSC – Vocês já têm um empreendimento em Ponta Grossa, por que decidiram investir em um novo shopping na cidade?
AT – Ponta Grossa comporta mais um shopping, pois está crescendo demais, com indústrias e novos empreendimentos – o que está atraindo muita gente. Estudamos bastante para tomar essa decisão.
Além disso, a cidade atende toda a região dos Campos Gerais, que está em constante crescimento, graças também à força do cooperativismo.
RSC – Na reta final de 2020, como avalia a retomada dos shoppings do grupo? Existem diferenças de desempenho entre os estados?
AT – Não tem diferença. Estamos caminhando junto com a economia, que está se restabelecendo aos poucos. No Paraná, por exemplo, o comércio teve aumento pelo quinto mês consecutivo, cresceu 1,2% em setembro em relação a agosto e 7,7% em comparação a setembro de 2019, no primeiro caso, é o maior aumento entre os estados do Sul. Todos os shoppings do Grupo Tacla seguem o mesmo caminho.
RSC – A performance do Porto Belo Outlet Premium está acima do esperado desde a reabertura?
AT – Sim, está acima e indo muito bem. Esse empreendimento é novo, e tem o benefício de ser um shopping a céu aberto. Neste momento em que estamos vivendo, esse é um fator de decisão para as pessoas saírem de casa. Até o fim do ano, por exemplo, doze novas marcas vão inaugurar lojas no Porto Belo Outlet Premium. Nos últimos quatro meses, registramos crescimento de vendas de vendas e de fluxo na casa dos dois dígitos em relação ao ano anterior.
RSC – Como fica a expectativa para 2021?
AT – A palavra para 2021 é “otimismo”. Como não sabemos quando tudo voltará ao normal, vamos continuar trabalhando intensamente e seguindo todos os protocolos exigidos pelos órgãos de saúde de cada região, para manter a segurança dos clientes e colaboradores.
RSC – Como o Grupo Tacla ajudou os varejistas durante a pandemia?
AT – Nosso grupo é reconhecido por uma gestão muito próxima tanto de colaboradores como dos nossos lojistas. Em um momento tão incerto e surpreendente, era fundamental colaborar para proporcionar a permanência de muitos na sobrevivência dos seus negócios. Negociações de acordo com a necessidade de cada lojista, diminuindo o custo do condomínio, entre outras ações garantiram a permanência do maior número de lojas possível. Foi difícil para todos e sabemos que os lojistas passaram por momentos de incertezas e angústia. Por isso, procuramos apoiar todos, como sempre fizemos nas inúmeras crises econômicas pelas quais passamos.
RSC – O cinema é um dos segmentos mais afetados. Como tem se dado a retomada?
AT – Nós administramos a operação do IMAX no Palladium. Estamos seguindo todos os protocolos de saúde que são exigidos em cada região. O setor está entre os mais atingidos pela pandemia, pois mesmo com a retomada em alguns lugares, existe uma carência enorme de lançamentos, além de um grande receio por parte dos frequentadores. Por enquanto, não podem ser consumidos itens da bombonière, mas vemos que os clientes estão voltando à rotina e o movimento vai aumentando aos poucos. Ainda vamos aprender muitas coisas novas e teremos que nos adaptar a essa realidade.
RSC – Como avalia o comportamento do consumidor nesse momento?
Por conta de os consumidores estarem, por longos meses, represando o consumo e as atividades de lazer, inicialmente, observamos até uma certa euforia, que mereceu adaptações e cuidados redobrados. Avalio que os clientes estão voltando aos hábitos normais, tanto na compra on-line quanto na física. As inovações apresentadas pelo shopping, como lockers, totens de autoatendimento e drive-thru estão fazendo parte do dia a dia dos consumidores, e são comportamentos que vão ficar por um longo tempo.
RSC – O Grupo Tacla precisou reduzir seu quadro de colaboradores em decorrência da crise?
Não teve redução no quadro de colaboradores em nenhum dos shoppings do Grupo Tacla. Procuramos manter nosso quadro, acreditando na retomada. O mesmo não aconteceu com algumas lojas, que foram fortemente impactadas, pois dependiam do consumo físico para sobreviver. Ou seja, não conseguiram migrar para o digital, pois dependiam das compras presenciais. Mas a maioria das lojas agiu rápido para atender aos clientes e se manterem competitivas. Atualmente, geramos 20 mil empregos diretos, considerando as lojas.
RSC – Para o Natal, é possível que o resultado seja melhor em relação ao ano passado?
Nossa meta para o Natal que estabelecemos é ter um comparativo de igualdade ao ano passado. Se os números forem assim, já é muito positivo. Como disse, nossa palavra para 2021 é “otimismo”, e esse sentimento vai fazer parte do nosso dia a dia a partir de agora. Por conta do atual momento, vemos que muitas pessoas não vão viajar para fora do Brasil, o que vai ser bom para nossa economia. Por isso, estamos confiantes e acreditamos que há chances de o fim do ano ter um saldo positivo nas vendas – próximo do que foi ano passado. Para isso, apostamos em decorações de Natal exclusivas, além de campanhas, sorteios e promoções inéditas, sempre garantindo os protocolos de saúde e segurança.
Fonte: Revista Shopping Centers