A empresa de e-commerce chinesa Alibaba e a argentina Mercado Livre tornaram-se potências mundiais ao explorar o chamado marketplace (plataforma digital que comercializa produtos de diversas empresas). Até 2020, o setor responderá por 40% de todo o comércio digital, que atualmente movimenta algo como US$ 1,6 trilhão. De olho no tamanho desse mercado, outros gigantes como Amazon e Walmart entraram na disputa. O que ninguém esperava era ver grifes de moda adotando o mesmo modelo de negócios. É o caso da Swarovski Professional.
A partir deste semestre, os 420 clientes brasileiros da unidade de comércio direto com empresas da grife poderão usar o canal para vender seus produtos customizados com os cristais sintéticos. Nova no mercado, a plataforma é vista como solução para marcas locais que querem exportar, mas não têm estrutura necessária. “Entrar no e-commerce é um ganho, pois a Swarovski já tem uma marca forte”, diz Silvio Passarelli, professor de gestão de luxo da Faap. A Swarovski Professional está apresentando sua vitrine virtual para os parceiros de negócio e tem disponibilizado o aplicativo Crystal Collection para o conhecimento do catálogo completo de cristais.
O objetivo é expandir seu segmento de brindes personalizados para o mercado corporativo, como canetas e chaveiros. Com receita global de € 3 bilhões, a expectativa da companhia é que esse nicho seja responsável por 10% de seu faturamento global, até 2020. Para isso, contará com a plataforma eletrônica de B2B. “O Brasil passa por muitas mudanças e por um momento econômico delicado”, diz Taro Nordheider, CEO global da Swarovski Professional. “Porém, trabalhando com marcas fortes, nós conseguiremos manter nosso crescimento no mercado.” O lançamento do marketplace segue a linha estratégica da Swarovski de se popularizar e ingressar em novos mercados.
Desde meados de 2015, a empresa buscou se aproximar ainda mais dos consumidores por meio de parcerias. No Brasil, um dos principais mercados em expansão da empresa, a Swarovski ligou seus produtos a marcas como Havaianas, Osklen, O Boticário e Chilli Beans (que não confirmam se vão participar do market place). Tudo isso para alcançar consumidores que nunca tinham tido contato com a marca, pelo alto valor do produto, que podem custar até R$ 50 mil. A medida fez com que, em 2015, as vendas da companhia aumentassem 15% no País. Em 2016, mesmo com a recessão econômica, a projeção de crescimento é de cerca de 10%.
Agora, com a opção do e-commerce, a expectativa é que a área de brindes corporativos tenha mais visibilidade e conquiste novas parcerias, como a de aparelhos celulares. “No Brasil, as consumidoras estão mais atentas à beleza e ao glamour”, diz. Encantado com o País, Nordheider mandou confeccionar uma faixa de judô bordada com 236 pedras de cristais para presentear a judoca Rafaela Silva, medalha de ouro na Rio 2016. “Ela é uma inspiração para os brasileiros”, disse o executivo à DINHEIRO. São diferenciais como esse que o executivo quer incrustar nas empresas brasileiras.