O tema sustentabilidade entrou na agenda da alta liderança de mais empresas nos últimos anos, em parte porque passou a ser mais associado à economia de custos. Mas aumentou também a desconfiança, no número de pessoas que acham que o assunto ainda não se traduz em práticas com a mesma intensidade com que decora os discursos das companhias. As conclusões são de um levantamento bienal realizado pela Fundação Dom Cabral, que teve participação de 465 executivos de empresas, a maior parte delas com mais de 500 funcionários.
Subiu de 63% para 93%, entre 2014 e 2016, aqueles que consideram que as empresas promovem a sustentabilidade, mas não estão realmente engajadas no assunto. “As pessoas estão decepcionadas que há pouca sustância. Isso é interessante, porque pode levar a um público mais crítico. Será mais difícil para a empresa ficar só no discurso e não ir para a ação”, diz.Heiko Spitzeck, um dos autores da pesquisa e professor da Fundação Dom Cabral.
Segundo a pesquisa, a iniciativa mais associada com a prática da sustentabilidade é a redução de gastos decorrente da melhoria da eficiência, lembrada por 79%. “Eficiência energética, reciclagem e outros podem ajudar a reduzir custos, o que no contexto atual do Brasil é um motivador muito forte para os negócios”, diz. Outro elemento que ajudou a levar o tema até os conselhos e salas de presidência, na opinião de Spitzeck, é a crise decorrente de escândalos envolvendo grandes companhias brasileiras. “Há uma lista longa de empresas que sofreram baixa na reputação”, diz. Recorrer à sustentabilidade também é uma forma de tentar recuperar essa imagem, diz o professor.
Essa é a motivação citada por 68% dos respondentes para o estabelecimento de parcerias para resolver problemas sociais e ambientais, menos do que o registrado em 2014 (75%), mas muito à frente das outras razões listadas, como incentivos fiscais (44%) e benefícios financeiros ao identificar possibilidades de inovação (26%).
A crise na reputação – que atingiu muitas empresas que eram consideradas referência em sustentabilidade como Vale, Petrobras ou Odebrecht – também afetou a percepção dos respondentes quanto à distância entre o discurso e a prática das companhias.
Fonte: Supermercado Moderno